O Banco Mundial e o projeto Governo Cidadão divulgaram hoje (28) os resultados preliminares do estudo de gênero “Plantando Sementes de Empoderamento - Expandindo a atuação feminina por meio da inclusão produtiva nas áreas rurais do Nordeste do Brasil”, que trabalhou com 16 associações comunitárias beneficiadas pelo projeto no Rio Grande do Norte. O auditório da Escola de Governo, no Centro Administrativo, ficou lotado pelos participantes do estudo que vieram de vários municípios do interior prestigiar o lançamento.
“Pudemos concluir que nem os homens nem as mulheres percebiam o tanto que elas trabalham ao encarar três jornadas diárias extenuantes. As atividades realizadas em oficinas e treinamentos plantaram a semente do empoderamento nessas mulheres, mas precisam de irrigação regular para que os frutos amadureçam”, destacou a consultora sênior em desenvolvimento rural do Banco Mundial e Gerente do Projeto Governo Cidadão, Fátima Amazonas, que apresentou o estudo aos presentes.
O Rio Grande do Norte foi escolhido pelo Banco Mundial e aUmbrella Facility for Gender Equality (UFGE) para sediar o estudo, que quando estiver concluído será disseminado em outros estados e países onde a instituição financeira atua. O secretário e coordenador do projeto Governo Cidadão, Vagner Araújo, destacou a importância de o Estado ser piloto nesta experiência.
“Ficamos muito agradecidos de ter sido escolhidos para este trabalho. Sabemos que não existe igualdade de gênero se a mulher não tiver uma autonomia financeira e por isso precisamos reforçar nossas ações e estratégias neste sentido. Esta é uma grande oportunidade para lutarmos pela igualdade de gênero no interior do Rio Grande do Norte e promover a inclusão produtiva das mulheres”, disse o secretário.
A vice-presidente da Associação Comunitária Tereza Celestina, do Povoado da Cruz, em Currais Novos, Íris Lucimar, falou em nome de todos os participantes do estudo e enfatizou a necessidade de manter acesa a chama criada pelas capacitações. “Como já foi dito, o que precisamos fazer é regar essa semente. Não queremos que as mulheres se empoderem e esqueçam dos homens, nós queremos que juntos sejamos parceiros”, disse.
No total, 508 membros, entre homens e mulheres, participaram do processo, que incluiu a aplicação de questionários e a capacitação de na temática de gênero, tanto com mulheres como com os homens participantes dos investimentos e do processo de capacitação. Nesta, foram realizadas dinâmicas baseadas na cartilha Um Dia… e no documentário A Força das Mulheres, que inspiraram a criação de outros quatro vídeos e uma animação para futuras atividades e sensibilização de outros grupos sobre o tema.
Dados preliminares
Através do estudo foi possível identificar lacunas com relação à inclusão de gênero nos projetos financiados pelo Banco e a forma de abordagem. Das 52 associações atendidas pelo projeto, 31 são lideradas por mulheres. Em uma margem de mil beneficiários, 63% são do sexo feminino. Das 16 associações que receberam o treinamento, 13 são lideradas por mulheres. Segundo Fátima Amazonas, os dados só reforçam a importância e significado do papel que elas exercem.
Os resultados da primeira etapa mostraram que as mulheres não têm controle nos quesitos liderança, tomada de decisão, acesso e controle aos recursos produtivos, controle de uso da renda e divisão do trabalho com o companheiro. “Não temos dados científicos, mas temos impactos emocionais registrados. Sabemos que já provocamos as primeiras mudanças com a reflexão que colocamos todos para fazer”, emenda Fátima.
Uma das lições aprendidas destacada por Fátima foi a necessidade de se programar uma sessão de treinamento com os homens e mulheres para tratar do assunto violência doméstica, com a inclusão de jovens. Outro ponto importante é que as assistências técnicas que trabalham com as associações comunitárias deverão trabalhar focadas na atuação feminina e com olhar especial para as mulheres.
Todas as pessoas que participaram do estudo são beneficiários do Edital do Governo do Estado para apoio aos Subprojetos de Empreendimentos Econômicos Solidários e da Agricultura Familiar, que conta com recursos do Acordo de Empréstimo financiado pelo Banco Mundial. Desde 2015, especialistas de diversas áreas visitaram as associações de agricultores familiares potiguares para ouvir sobre a atuação feminina no meio rural. A conscientização sobre a importância da participação das mulheres nas atividades produtivas foi o principal objetivo do estudo.
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