A Coordenadoria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Coeppir), ligada à Sejuc (Secretaria de Justiça e Cidadania), realizou um encontro histórico na manhã deste Dia Internacional pela Eliminação da Discriminação Racial (21), no auditório da Escola de Governo Dom Eugênio de Araújo Salles. Na ocasião, o Governo do RN aderiu ao Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR) através do termo assinado pela governadora Fátima Bezerra. “O povo negro cobra e merece dignidade e cidadania”, justifica.
O evento reuniu representantes de comunidades negras, povos de terreiros, ciganos, indígenas, mulheres e lideranças do movimento LGBT. A governadora garantiu que “a marca do governo da professora Fátima será a inclusão social”, no entanto, pede um pouco de paciência às comunidades, entidades e povos ali representados para que haja tempo de o Estado sair da situação de calamidade financeira em que se encontra e as políticas públicas para o setor das minorias possam ser implementadas.
Ela afirmou que está honrando uma promessa de campanha ao criar a Secretaria da Mulher, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos (SEMJIDH), que terá Arméli Brennand (atual Esporte e Lazer) como secretária, e anuncia ações inclusivas, que estão sendo viabilizadas por meio do Governo Cidadão, como a criação de escolas em comunidades indígenas e remanescentes quilombolas. “Jamais deixaríamos de ter essa atenção, esse olhar especial ao povo negro e às outras minorias, por tudo que representam em nossa história”, declarou. Fátima reafirmou a importância das leis cotistas que asseguram vagas para negros em universidade e em concursos.
Grupo de trabalho vai monitorar Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial
Para dar encaminhamentos às políticas de inclusão social, foi criado na manhã de hoje o grupo de trabalho que terá a finalidade de elaborar e monitorar a implantação do Plano Estadual de Promoção da Igualdade Racial composto por representantes do governo (Educação, Cultura, Ação Social, Assuntos Fundiários, Saúde e Justiça e Cidadania), e igual número de membros indicados pela sociedade civil representando as comunidades e grupos de indígenas, quilombolas, povos de terreiros e ciganos. As atividades do grupo serão conduzidas pelo Coeppir, através da presidente Giselma Omilê.
O evento que marcou o Dia pela Eliminação da Discriminação Racial teve início com apresentação do grupo Pau Furado, de zambê, da comunidade quilombola Capoeiras, situada no município de Macaíba. A estudante Ana Cleide Bernardo, filha do Mestre Deba (presente à solenidade), chamou a atenção do público e da governadora para as necessidades do seu povo, que deseja alcançar a universidade e encontra barreiras como o transporte público. “Estamos ilhados. As políticas públicas ainda não chegaram em nossa comunidade. Ainda falta muito para termos acesso à educação superior”, afirmou.
Representando a juventude negra, o jovem militante Real, da comunidade África (Redinha), falou de sua experiência no projeto social Nossos Valores, no qual 75 crianças e adolescentes são introduzidos à cultura rapper. Ele falou de experiências como o projeto de revitalização do Beco da Lama em que mais de 40 artistas deixaram sua arte registrada no bairro da Cidade Alta, reduto boêmio, artístico e cultural tradicional de Natal. “Se você acha Natal bonita com as paredes cinzas, imagine nossa cidade toda colorida com as cores do grafite”, refere-se a uma das expressões do movimento hip-hop.
A programação do evento incluiu um ato ecumênico iniciado pelo Baba Melqui (Ilê Axé Dajô Obá Ogodô) que finalizou sua benção com um conselho: “jamais deixem que o racismo e o preconceito abalem a nossa resistência”.
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