Uma cidade só pode ser considerada saudável quando todos os fatores ambientais que repercutem na saúde e bem-estar do cidadão estão equilibrados no local onde ele vive, trabalha, circula, se locomove e tem o seu lazer. Como cada um convive com milhares ou milhões de outros seres, só pode se sentir seguro e satisfeito se todos os demais desfrutarem de boas condições sanitárias também. A saúde da cidade por inteiro é, por isso, condição necessária e indispensável à saúde de cada cidadão.
Sanear uma cidade implica uma série de políticas e serviços públicos que garantam uma boa qualidade de vida para seus habitantes:
· Coleta e tratamento de esgoto, dos detritos industriais, das águas das chuvas, dos lixos e dos entulhos, em vez de apenas descarregá-los de forma agressiva e predatória em algum ponto da natureza;
· O combate à poluição das águas, do solo e do ar;
· O fornecimento de água potável para todos os domicílios;
· A preservação de áreas verdes e manutenção das condições de higiene dos meios de transporte, vias públicas, escolas, hospitais e espaços públicos em geral;
· A canalização e limpeza de rios e córregos;
· A desobstrução de bueiros e galerias pluviais para evitar enchentes;
· A iluminação e pavimentação das ruas e conservação dos calçamentos, garantindo a segurança e a integridade física do cidadão;
· A fiscalização da qualidade dos alimentos, remédios e combustíveis utilizados;
· O controle de mosquitos, moscas, ratos, baratas e outros animais que podem transmitir moléstias;
· A prevenção de doenças e acidentes, educação sanitária e atendimento médico-hospitalar suficiente e adequado para toda a população, dentre outros.
Por que isso, que pertencem aos direitos e deveres do cidadão não acontece nas cidades?
Grande parte das cidades brasileiras não são saudáveis devido, em parte, aos administradores e em parte aos próprios cidadãos.
Muitos administradores não realizam serviços básicos aos cidadãos, que é a realização da coleta e tratamento de esgotos, a coleta do lixo, a iluminação e pavimentação de ruas dentre outros, e isso acarreta mais gastos para os municípios em saúde para a sua população.
Dados do Ministério da Saúde, para cada R$ 1,00 gasto em saneamento, os administradores economizariam R$ 10,00 na saúde de cada cidadão, visto que uma cidade não-saneada corre os riscos de seus moradores sofrerem com doenças transmitidas por insetos e pela contaminação decorrente do esgoto doméstico. E por que muitos administradores não investem em saneamento? Por uma simples questão política. Como o saneamento passa por baixo da terra e não é visto pelos olhos dos eleitores, muitos administradores, em pleno século XXI ainda usam dessa prerrogativa arcaica, e preferem investir em outras coisas.
O cidadão também tem culpa em não ter uma cidade sustentável quando destrói as áreas verdes, constrói em áreas de risco, jogam o lixo nas ruas ou em terrenos baldios, não fiscaliza nos supermercados e nas farmácias a qualidade dos alimentos e remédios, dentre outros.
As enchentes que estão atingindo várias cidades do Sudeste do país, em parte é decorrência do próprio cidadão, visto que grande parte dessas casas que desabaram situavam-se nas encostas dos morros, em áreas inapropriadas para a construção dessas casas. O poder público também tem uma parcela de culpa, pois permitiu a construção dessas moradias, além de não oferecer moradia digna para os seus habitantes.
Nos aglomerados urbanos, onde tudo e todos se encontram ligados pela interdependência e vizinhança, o que acontece a cada pessoa, a cada pedaço da cidade e a qualquer um dos fatores do meio ambiente acaba repercutindo de alguma forma em outras parcelas do conjunto e até mesmo em seu todo.
A luta pelo seu saneamento acaba, assim, de uma ou de outra maneira, identificando-se com a defesa de toda a natureza – preservada ou já modificada pela cultura -, não sendo mais possível defender a saúde humana sem que, paralelamente, se defenda a ecologia.
Professor Marciano Dantas – Natal/RN.
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