O senador Paulo Davim (PV-RN) ocupou a tribuna do Senado Federal na tarde dessa terça-feira, 16 de outubro, para externar sua indignação sobre o caso da adoção de cinco crianças de Monte Santo (BA) para quatro famílias de São Paulo (SP), cujo processo está sob suspeita e sendo investigado agora pelo Conselho Nacional de Justiça e a Polícia Federal. A adoção foi feita num tempo inacreditável: apenas 24 horas. Enquanto que, somente a primeira etapa dos processos de adoção no Brasil pode durar o mínimo de quatro meses. O fato foi veiculado no programa Fantástico da Rede Globo, no domingo passado e repercutido no Jornal Nacional na segunda-feira. Na opinião do parlamentar, a forma como foi feita a adoção foi uma "brutalidade" contra as crianças e os pais, Gerôncio e Silvânia. E, na condição de vice-presidente da CPI do Tráfico de Pessoas do Senado Federal, Davim quer que o juiz que entregou as crianças para adoção, Vítor Manoel Xavier Bezerra, seja convocado a depor da CPI do Tráfico de Pessoas.
"Esse juiz cometeu um desatino, atentou contra o amor materno e paterno e também contra a unidade familiar", disse ele no pronunciamento. Davim apoiou a decisão da ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, que pediu a participação da Polícia Federal na investigação desse caso. "Logo agora que o Brasil está, cada vez mais, buscando por justiça social, assistimos a uma brutalidade dessas”, disse ele, alegando que a partir do que já foi veiculado, o processo de adoção não seguiu os tramites legais, não ocorrendo oitivas dos pais biológicos, tampouco foi procurado o Conselho Tutelar ou o Ministério Público. "O juiz rasgou os princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente, rasgou também os princípios de humanidade", disse em certo momento.
Como membro da CPI do Tráfico de Pessoas do Senado Federal, o senador Paulo Davim disse que ouviu muitas vítimas e que o "modus operandi" se assemelha e muito a como foi feita essa adoção. Ele afirmou que é possível que se esteja diante de uma quadrilha de tráfico de pessoas. "Pobreza não é indignidade nem condição para que a autoridade paterna ou materna seja transferida para outrens. Na condição de legisladores não podemos, nem ficaremos, omissos diante desse fato", disse perto de encerrar o pronunciamento.
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