Nos dias 18 e 19 de dezembro de 2013 foi realizada a II Reunião de Análise e Previsão Climática para a o Norte do Nordeste do Brasil, coordenada pela AESA - Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba. Nesse evento estiveram presentes representantes dos centros estaduais de meteorologia do Nordeste, CPTEC/INPE, UFCG, Defesa Civil Estadual e instituições afins.
Num primeiro momento, os estados apresentaram as condições pluviométricas referentes ao ano de 2013, destacando os baixos índices de chuva ocorrida nos estados, culminando com escassa agricultura e alta deficiência no armazenamento de água nos principais reservatórios na região semiárida, que atualmente apresenta um armazenamento em torno de 25% a 30% da capacidade máxima.
Em seguida, foram apresentados os parâmetros atmosféricos que influenciam diretamente na ocorrência de chuvas na região, com destaque à condição de temperatura das águas superficiais dos oceanos Atlântico e Pacífico. Essa variável, mesmo apresentado uma configuração com anomalias positivas no Atlântico Norte e negativas no Atlântico Sul (figura 1), a evolução em relação aos meses anteriores se mostrou favorável, mostrando que o Atlântico Norte está esfriando, enquanto que o Atlântico sul apresentou um leve aquecimento. No oceano Pacífico, as águas continuaram apresentando anomalias negativa, em torno de -0,5ºC.
Figura 1- Campo da anomalia da temperatura das águas superficiais referente ao mês de novembro de 2013.
Outra variável que mereceu destaque foi a condição do vento alísio de sudeste, tanto para o mês de novembro/2013, como para a primeira quinzena de dezembro/2013. Essa variável tem apresentado valores abaixo do normal, o que significa uma condição favorável para o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema meteorológico causador de chuvas na região no período de fevereiro a maio, para posições mais ao sul em relação à linha do Equador. Ainda sobre a Zona de Convergência Intertropical, o seu posicionamento durante novembro de 2013, esteve sempre abaixo da sua posição normal para a época, isso quer dizer, mais próximo da região Nordeste, mostrando uma evolução favorável no seu deslocamento em relação à próxima quadra chuvosa.
Assim, com a análise dos parâmetros climáticos globais referentes ao mês de novembro de 2013, existe uma tendência de que as chuvas para os próximos três meses (janeiro, fevereiro e março de 2014) fiquem próximas da normalidade, com grande variabilidade temporal e espacial na ocorrência dessas chuvas. Lembrando que essa previsão não é conclusiva devido às informações referentes aos oceanos ainda estarem em plena evolução.
OBSERVAÇÕES
1- Como durante os meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro sobre a Região Nordeste do Brasil atuam sistemas meteorológicos de baixa previsibilidade e curta duração como nos casos dos Vórtices ciclônicos de Ar Superior (VACS) e restos de Frentes Frias, não é possível ainda estabelecer um prognóstico com boa confiabilidade para o Nordeste neste período. Os modelos de previsão climática não conseguem identificar a atuação desses sistemas, podendo assim mascarar os resultados.
2- Outro sistema de escala global que tem influência na ocorrência de chuva na Região Nordeste durante esse período, é a Oscilação 30-60 (onda planetária que circula o planeta na faixa tropical intercalando fases favoráveis para a ocorrência de chuvas com fases desfavoráveis). A atuação desse sistema depende de vários fatores, entre eles a temperatura da água superficial do oceano Pacífico, dificultando a previsão desse sistema. O atual comportamento desse sistema mostra que as fases favoráveis para ocorrência de chuvas na região estão previstas para acontecerem na segunda quinzena de dezembro de 2013 e na primeira semana de janeiro de 2014. Tal situação poderá se repetir durante a segunda quinzena de fevereiro/2014 e início de março/2014, como mostra a figura 2.
Figura 2 – Comportamento da Oscilação 30-60 – áreas azuladas significam maior concentração de nuvens.
Parnamirim, 20 de dezembro de 2013
GERÊNCIA DE METEOROLOGIA