Com a possibilidade de paralisação dos mais de 3.500 atendimentos a crianças realizados na pediatria do hospital de urgência da Promater, aumenta a crise no setor de pediatria das redes pública e privada do Rio Grande do Norte. Afinal, o estado tem condições de absorver toda a demanda dessa especialidade médica?
Para encontrar a resposta, o Nominuto.com foi falar com quem entende do assunto. O médico Paulo Xavier é diretor do Hospital Infantil Varela Santiago, referência estadual na área. Segundo ele, o problema enfrentado hoje pelos pediatras não é uma exclusividade do Rio Grande do Norte, nem do Brasil.
“Infelizmente, esse é um problema do mundo. A medicina se modernizou muito e, com ela, as especialidades que trabalham com equipamentos. Já as especialidades que se utilizam da medicina pura, baseada em história clínica, foram renegadas. E esse é o caso da pediatria”, explicou Paulo Xavier.
Sobre a possibilidade de superlotação do Varela Santiago, o diretor da unidade, foi taxativo: “O Varela Santiago é um hospital que atende ao cidadão. O SUS não foi feito só para o pobre”. E completou, “Infelizmente, no entanto, o governo não cumpre a parte dele e a população acaba recorrendo aos serviços privados de saúde. Mas, as portas do Varela estão abertas para qualquer paciente. Trabalhamos para oferecer o melhor atendimento à população”, disse.
Fundado em 1917, o Hospital Infantil Varela Santiago é referência pediátrica no Rio Grande do Norte; Com capacidade de mais de 100 leitos, oferece desde tratamentos ambulatoriais até cirurgias de alta complexidade. A instituição realiza cerca de 10 mil procedimentos por mês com, aproximadamente, 440 internações no período. Além de diversas especialidades, como a oncologia pediátrica, o Varela Santiago também oferece atividades que visam minimizar o impacto de uma internação. Entre elas, oficinas de arte e cantinho da leitura.
No entanto, Paulo Xavier não enxerga com otimismo o futuro da pediatria no estado. De acordo com ele, a falta de incentivos e a baixa remuneração estão espantando os médicos residentes da área. “Eu converso com esses estudantes e ninguém quer fazer pediatria. Daqui a uns anos, você vai ouvir algo do tipo: ‘vou pra São Paulo consultar meu filho’”, lamentou o médico.
Assim como o presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed/RN), Geraldo Ferreira, o diretor do Varela Santiago acredita que apenas o diálogo pode trazer uma solução para a situação.
“É preciso que haja discussão sobre o problema. Os médicos merecem uma melhor remuneração, mas o cidadão também não pode ser penalizado. Os planos devem garantir ao consumidor leitos para internação pediátrica, e os órgãos responsáveis, por sua vez, devem fiscalizar e assegurar que tudo isso esteja ocorrendo”, destacou Paulo Xavier.
E encerrou: “Eu estou do lado dos pediatras. Tem muita gente boa aqui, e esses médicos precisam ser valorizados”, disse.
fonte: nominuto
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