Trabalhadores rurais de todas as regiões do Rio Grande do Norte se reúnem em Natal nesta terça-feira (21) para participar do movimento 'Grito da Seca: sede de água, sede de direitos', que cobra ações do Governo do Estado em relação aos problemas provocados pela seca. A manifestação está marcada para as 8h, partindo do viaduto de Ponta Negra.
De lá, cerca de cinco mil trabalhadores devem seguir, em caminhada, para as proximidades do Estádio Arena das Dunas, onde acontecerá um ato público. Em seguida, o grupo se destina para o Centro Administrativo. O objetivo é cobrar ações estruturantes do Governo do RN para a convivência com a seca.
Na semana passada, o Comitê Executivo de Fruticultura do Rio Grande do Norte (Coex) anunciou o cancelamento da edição 2013 da Feira Internacional da Fruticultura Tropical Irrigada – Expofruit, que aconteceria de 10 a 12 de julho, em Mossoró. Em nota, a organização do evento informou que o cancelamento se deu por dificuldades financeiras vividas pelos produtores, em especial os que trabalham em pequenas unidades produtivas, devido à prolongada estiagem, além da situação de calamidade provocada pela escassez de chuvas em todo o Nordeste.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Norte (Fetarn), que está organizando o movimento em parceria com o Fórum do Campo Potiguar (Focampo), anunciou que vai entregar uma pauta de reivindicações à governadora Rosalba Ciarlini, destacando pontos como a questão da terra, os recursos hídricos, a assistência técnica, a concessão de crédito aos agricultores, a educação no campo e a segurança.
De acordo com o vice-presidente da Fetarn, Francisco José, o maior problema hoje é a falta de uma política definida de convivência com a estiagem. “Muitas ações são anunciadas, mas grande parte esbarra na burocracia e não sai do papel. Não existe uma política permanente de enfrentamento da seca”, afirma.
Um levantamento realizado pela Fetarn aponta que os prejuízos provocados pela seca à economia potiguar chegam aos R$ 5 bilhões. Segundo Francisco José, a grande preocupação, neste momento, é com o desequilíbrio da economia rural. “A situação é grave, e nós já perdemos 60% do rebanho bovino por causa da estiagem”, ressalta o vice-presidente, completando que o problema da seca não é só do campo: “A seca é uma questão que diz respeito também à cidade. Se o Governo não tomar as providências necessárias, é possível que haja racionamento de água até em Natal”.
Após a mobilização, os agricultores vão continuar em Natal para negociar com outros órgãos, como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Reivindicações
O movimento Grito da Seca: sede de água, sede de direitos tem uma pauta de mais de 50 reivindicações. Entre as principais, estão a criação de uma política de recursos hídricos para universalizar o acesso a água no Rio Grande do Norte; a implementação de um programa estadual de assessoria técnica permanente aos assentamentos e comunidades; a estruturação dos órgãos de assessoria e pesquisa; a ampliação do programa de distribuição de alimentos para os rebanhos; a renegociação de dívidas e o financiamento para estruturação produtiva da agricultura familiar; e a desapropriação de imóveis rurais pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
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