Um ano e quase três meses após assumir a direção geral do Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), o médico legista Nazareno de Deus Medeiros Costa, apesar das dificuldades que tem enfrentado desde o primeiro dia da sua missão, mostra-se otimista, comemora resultados e planeja dias melhores para o órgão onde trabalhou por mais de trinta anos. Ele concedeu entrevista onde fala dos vícios de alguns funcionários, que batem o ponto e não trabalham, mas também disse o que tem feito para inibir essa prática, além de enumerar diversos equipamentos adquiridos e em fase de aquisição, que melhorarão a prestação de serviço na instituição de medicina legal do Rio Grande do Norte. Eis a íntegra da entrevista:
Doutor Nazareno, o senhor já declarou várias vezes que encontrou o Itep numa situação lastimável em janeiro do ano passado, quando assumiu a direção. Como está o quadro do Instituto hoje?
Eu não gostaria de ficar falando do passado, mas já que a pergunta foi feita, não vou fugir da resposta. Realmente, encontrei o Itep sem investimentos em material nos últimos anos, funcionários desmotivados e muitos deles com aquela antiga cultura de não trabalhar direito. Muitos batiam o ponto assinando um livro e iam embora, não trabalhavam. Eu implantei o ponto eletrônico e temos resolvido essa questão. Com total apoio da governadora Rosalba Ciarlini, que é uma gestora sensível, e também graças a convênios com a Secretaria Nacional da Segurança Pública, temos adquirido alguns equipamentos essenciais, estamos recebendo outros, em fase de licitação para novas compras, enfim, temos mudado a cara do nosso Itep.
Quais foram esses equipamentos comprados?
Desde que eu trabalhava como legista, aqui no Itep, enfrentávamos os defeitos na câmara frigorífica onde são acomodados os cadáveres. Era um problema antigo. Faziam consertos que já não resolviam por muito tempo. Levei o assunto à governadora Rosalba que, imediatamente, me deu total apoio para a compra de um novo equipamento, que está funcionando desde o ano passado, sendo o modelo mais novo do mercado, com capacidade para 21 cadáveres, que custou 378 mil reais, que vieram de recursos do Itep e de convênio com a Senasp. Adquirimos material para laboratório, equipamentos laboratoriais, nossos almoxarifados estão abastecidos com material de limpeza e de escritório. Acabamos de comprar 73 computadores e 68 impressoras, que já estão chegando e em breve começarão a funcionar nas unidades do Itep em Natal, Mossoró e Caicó, além das Centrais do Cidadão. Novos onze veículos já fazem parte da nossa frota, o processo de licitação para a compra de novos rabecões já está adiantado, também contratamos uma empresa especializada em limpeza, para deixar nossos prédios limpos e dignos de serem utilizados pelos funcionários e pelos nossos usuários. O pessoal que trabalha no necrotério, que foi completamente reformado, recebeu uniformes. E também conseguimos guardas patrimoniais, que melhoraram a segurança da nossa sede. Enfim, felizmente, temos muito que dizer do que já fizemos e continuamos trabalhando todos os dias, para melhorar ainda mais nossos serviços.
E o prédio do Itep, que é muito antigo, atende às necessidades?
Realmente, o prédio é antigo. É de 1935 e nunca passou por grandes reformas. Aqui já funcionaram outros órgãos e não temos espaço para ampliar nada. Nossa estrutura está precária, mas já existe a possibilidade da aquisição de um terreno para a construção de uma nova sede. Eu estive esta semana com a secretária de Infraestrutura, Kátia Pinto, e falamos sobre essa questão. Em caráter emergencial, será feito um projeto para construirmos, num pavimento superior, um laboratório para fazermos exames de DNA, pois hoje esse tipo de exame é feito em Salvador, na Bahia. Não tenho como dizer a partir de quando o novo laboratório funcionará, mas demos o primeiro passo e isso é muito importante.
E as unidades de Mossoró e Caicó, como estão?
Enfrentavam os mesmos problemas de Natal, mas também estão recebendo toda atenção que merecem por parte do Governo do Estado. A Secretaria da Infraestrutura já está trabalhando para preparar os projetos de reforma nos dois prédios e iremos comprar câmaras frigoríficas novas, com capacidade para 12 cadáveres em Mossoró, e nove em Caicó.
A imprensa já divulgou várias vezes que existe um atraso na confecção de laudos. Seriam em torno de 500 faltando resultados. É verdade?
Lamentavelmente, é verdade. Hoje, são mais de 700 exames de constatação de teor alcoólico aguardando resultado. Mas esse atraso aconteceu porque as gestões passadas não investiram no Itep, não compraram materiais, deixaram nosso laboratório de toxicologia em estado deplorável. Reformamos todo o laboratório e a compra dos materiais passa pelo processo legal, pela burocracia e os laudos foram se acumulando. Nem os aparelhos de ar-condicionado do laboratório funcionavam bem. Mudamos tudo, instalamos bancadas, quer dizer, agora é que vamos correr contra o tempo para entregar todos os resultados. Entendemos as críticas das pessoas que esperam por esses documentos, mas também precisamos dizer que não fizemos antes porque não tínhamos condições.
Existem críticas também sobre a forma como os dados de identificação das pessoas são armazenados no Itep, ainda em formulários de papel. Existe alguma previsão para modificar essa realidade?
Sim, existe. Queremos digitalizar todo o serviço da Coordenadoria de Identificação. Para isso, já entrei em contato com uma empresa do Rio de Janeiro, especialista em digitalização dessas informações. O Governo do Estado está nos dando todo apoio necessário e vamos adiantar as conversas, para ver se conseguimos implantar mais essa novidade no Itep. Nossa Coordenadoria de Criminalística também recebeu um importante equipamento esta semana, que verifica a autenticidade de documentos.
Que equipamento é esse e quanto custou?
O equipamento é um comparador espectral de imagem de vídeo, o VSC6000. Ele possibilita a verificação de autenticidade ou da falsificação de documentos, especialmente elementos de segurança neles inseridos, como a apuração de alterações documentais. Podemos comparar até assinaturas. Esse equipamento custou 700 mil reais e já está no Itep. Mais uma vez, a compra foi feita em convênio com a Senasp. São poucos institutos médicos legais no Brasil que têm esse tipo de máquina. Agora, só falta adaptarmos a sala onde ele será instalado.
Doutor Nazareno, existem também falta de médicos no Itep? Veículos de comunicação do interior têm divulgado notícias a esse respeito.
Com o passar dos anos, médicos e peritos se aposentaram, outros estão pedindo aposentadoria. Há alguns casos de falta de médicos, apesar de, felizmente, isso não ser uma regra. São poucos os casos de problemas, principalmente em plantões. Já sugeri ao Governo do Estado que seja feita essa reposição. Já está sendo feito um estudo nesse sentido.
O senhor acha que a governadora Rosalba Ciarlini vai autorizar concurso público para preencher essas vagas no Itep?
Tudo depende da análise que está sendo feita pelo Governo. A governadora Rosalba Ciarlini, diante das dificuldades que encontrou quando assumiu o cargo, está governando o Estado com o que tem e como pode. O povo devia aplaudi-la, por ela não endividar mais ainda nosso Rio Grande do Norte, pois o esforço é no sentido de economizar, para que possa sair do limite prudencial e desenvolver de maneira ainda melhor sua gestão. A governadora tem feito muito. Se pararmos para analisar, vemos isso. Ela tem tomado medidas enérgicas por ser uma gestora responsável e tratar com respeito o dinheiro público. Se ela estivesse cometendo arbitrariedade, gastando mais que pode, como acontecia em gestões passadas, talvez estivesse sendo aplaudida por quem hoje a critica, mas ela sabe muito bem da sua responsabilidade.
Assessoria
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