II REUNIÃO DE ANÁLISE E PREVISÃO CLIMÁTICA PARA O SETOR LESTE DO NORDESTE DO BRASIL - 2013
Maceió, 19 de abril de 2013.
INTRODUÇÃO
Dando continuidade às reuniões de análise e previsão climáticas, realizadas no Nordeste do Brasil desde 1993, realizou-se a II Reunião de Análise Climática deMaceió, nos dias18 e 19 de abril de 2013, no Palácio da República dos Palmares. Nesta reunião, foram analisadas as condições regionais da pluviometria e globais dos oceanos e da atmosfera, assim como os resultados de modelos numéricos de previsão climática sazonal. A reunião contou com a participação de meteorologistas dos Centros Estaduais de Meteorologia da Região Nordeste, UFAL,CPTEC/INPE, além da Defesa Civil Estaduale Municipal.
COMPORTAMENTO DA PRECIPITAÇÃODURANTE MARÇO DE 2013.
A Figura 1 mostra os campos de precipitação acumulada durante o mês de março de 2013 (painel à esquerda), a climatologia do mês de março (painel central) e a anomalia de precipitação observada no referido período (painel à direita).Predominaram anomalias negativas empraticamente todo o Nordeste. A redução da precipitação caracterizou um período de estiagem, com acentuadosdesvios negativos em relação ànormal climatológica para o mês.
Figura 1 – Precipitação acumulada no mês de março de 2013
Embora o mês de abril ainda não tenhaencerrado as análises preliminares do monitoramento pluviométrico realizadas pelos centros estaduais indicam uma intensificação do quadro de estiagem apresentado em março.
ANÁLISE DAS CONDIÇÕES OCEÂNICAS e ATMOSFÉRICAS GLOBAIS.
Na Figura 2, observaram-se condições de TSM em torno da médiaclimatológica no Oceano Atlântico Tropical Sul(anomalias da ordem de -0,5ºC e +0,5ºC), e predomínio de anomalias positivas de TSM no Atlântico Tropical Norte (acima de 0,5ºC). As atuais condições das águas superficiais na região do Atlântico Tropical mantiveram-se como nos últimos meses, sendo desfavoráveis às chuvas mais abundantes e regulares em grande parte do Nordeste do Brasil.
A persistência de águas variando entre levemente abaixo e em torno da média climatológica no setor sul e águas mais quentes que a normal no setor norte do Atlântico Tropicalintensificam os sistemas de alta pressão atmosférica no Atlântico Sul e áreas continentais adjacentes, desfavorecendo a formação de nuvens e precipitação. Além disso, nota-se a atuação mais ao norte da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema responsável pela ocorrência de chuvas no norte da Região Nordeste. Os padrões de pressão no Atlântico Norte, com anomalias negativas de pressão, e na região polar norte, com anomalias positivas de pressão, vêm contribuindo de forma a manter o posicionamento da ZCIT mais ao norte de sua posição climatológica. A alta do Atlântico Norte mais enfraquecida desfavorece o escoamento de nordeste associado à circulação anticiclônica, fator este importante para deslocar a ZCIT para sul. Desde o início de 2013, há formação de circulações ciclônicas anômalas e persistentes nos níveis mais altos da atmosfera sobre o Nordeste e vizinhanças (chamados bloqueios), que também contribuíram para a diminuição das chuvas na Região.
Na região do Pacífico Tropical, persiste a condição térmica de neutralidade, sem evidências de resfriamento (La Niña) ou aquecimento (El Niño) das águas superficiais. O monitoramento mostra a contribuição da variabilidade intrasazonal nessa região (oscilações transientes tipo Madden-Julian), induzindo variações térmicas que variam entre curtos períodos mais quentes e frios, porém não desenvolvendo para um evento de La Niña nem El Niño. Essa característica tem se mantido nos últimos meses.
Figura 2 – Anomalia de TSM de 17 de março de 2013 a 13 de abril de 2013.
Fonte: CPTEC/INPE.
PREVISÃO DAS CHUVAS PARA O TRIMESTRE MAIO A JULHO DE 2013
A previsão climática de consenso para o trimestre maio, junho e julho de 2013 indica maior probabilidade de chuva nas categorias abaixo da médiaa normal climatológica no leste da região Nordeste (leste dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia). Para a região norte do nordeste (região semiárida), onde o período chuvoso climatologicamente termina durante o mês de maio, espera-se chuvana categoria abaixo da normalclimatológica para o final do período (abaixo da Normal= 45%, Normal = 40% e Acima da normal = 15%).
As seguintes categorias de probabilidades em relação à normal climatológicapara a ocorrência de precipitação na costa leste do Nordeste foram definidas:
20% acima, 35% normal e 45% abaixo.
Temperatura: em torno da normal climatológica
Porém, não se descarta grande variabilidade temporal e espacial da chuva, assim como a possibilidade de episódios de chuvas intensas decorrentes da atuação de distúrbios ondulatórios de leste.
Recomenda-se a continuação do monitoramento e acompanhar as previsões de tempo nas áreas do leste do Nordeste, bem como a evolução das condições do Oceano Atlântico tropical.
Nesta avaliação foram utilizados os modelos do INPE/CPTEC, FUNCEME, INMET, NCEP, NCAR, COLA, NASA, ECMWF, UKMET e Météo-France.
PARTICIPANTES PRESENCIAIS
- Agência Pernambucana de Água e Clima – APAC;
- Defesa Civil Estadual – CBMAL;
- Defesa Civil Municipal de Maceió;
- Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte – EMPARN;
- Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Sergipe – SEMARH/CEMESE;
- Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites – LAPIS;
- Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – CPTEC/INPE;
- Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (FUNCEME);
- Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia - INEMA
Nota1: É importante observar a característica de alta variabilidade espacial e temporal com que se comportam as chuvas sobre o Nordeste, sendo de fundamental importância o monitoramento contínuo das condições atmosféricas sobre a região e as condições oceânicas e atmosféricas globais.
Nota2: A próximaReunião de Análise e Previsão Climática para o Nordeste do Brasil que abordará as condições de chuva para o leste do Nordeste ocorrerá em Aracaju, SE, em maio de 2013. Contato com Overland Amaral Costa, overland.costa@semarh.se.gov.br ou overland.acosta@gmail.com, tel: 79-3214-1202 79-9125-0883. 79 –79-9983 7200 9100 3000 (Aline)
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