A Polícia Civil do Rio Grande do Norte emitiu nota na manhã deste domingo (4) sobre o caso do jovem Henrique Maurício de Souza, de 20 anos, que foi baleado durante uma operação policial na manhã de sábado (3), em Natal. No documento, a polícia reafirma que o rapaz "foi alvejado porque reagiu" e diz que "o uso da arma de fogo foi proporcional e escalonado, dentro dos ditames legais". Henrique levou seis tiros na porta de casa. De acordo com a família, os tiros atingiram o pé, a mão, a barriga, o tórax e o pescoço do rapaz. A família nega que o jovem tenha reagido.
O fato aconteceu na madrugada de sábado (3) quando a polícia cumpria mandado de prisão no bairro Potengi, zona Norte da capital potiguar. A polícia negou que houve erro no endereço para cumprimento da determinação judicial. "A propriedade constante no endereço do mandado era rodeada por vegetação alta, possuía duas casas (...) a distância entre elas era de poucos metros sem qualquer separação por muros ou cercas. A ordem judicial continha expressa autorização para que se efetuasse busca e apreensão de armas, munições e outros objetos de origem ilícita na forma da lei, em todos os cômodos e prédios existentes na área de propriedade, portanto a casa onde residia o Henrique Maurício de Souza era também objeto de busca e apreensão", diz a nota.
No documento, a polícia reafirma que houve reação por parte de Henrique. De acordo com a nota, quando foi anunciada a presença dos policiais, Henrique saiu da residência "em disparada, com as mãos empunhadas simulando uma arma, em direção a um dos policiais que faziam o cerco". Os disparos, segundo o documento, foram efetuados após a polícia pedir que o jovem parasse e ele ter continuado em direção aos agentes.
A nota ainda ressalta que a própria Polícia Civil prestou socorro ao jovem e o transportou até o hospital Santa Catarina.
Família nega reação
De acordo com a família de Henrique, o rapaz se levantou após ouvir o cachorro da casa latir insistentemente por volta das 4h. Ao abrir a porta para verificar se havia algo errado, segundo os familiares, ele foi alvejado seis vezes. Os tiros atingiram o pé, a mão, a barriga, o tórax e o pescoço do rapaz, de acordo com a familia. "Eles reviraram a casa em busca de armas, drogas, não sei, e quando não encontraram nada perceberam que ele é um menino de bem. Só aí resolveram socorrer o Henrique. Ele estava sangrando, agonizando lá fora. Ele não reagiu a nada. Não tem como meu filho ter reagido, ele estava só de cueca", disse Veridiano Pontes, pai do rapaz.
Segundo ele, no momento da abordagem, estavam na casa a esposa de Henrique, três irmãs dele de 8, 13 e 16 anos, a mãe e o padrasto do jovem. "Meu filho é um menino trabalhador, estudioso, nunca teve envolvimento com nada de errado. Eu eduquei ele para ser um homem de bem. Na minha família ninguém nunca nem pegou em uma arma e aí acontece uma tragédia dessas", disse o pai. Henrique Maurício trabalha na cantina do Colégio Nossa Senhora das Neves, no Alecrim.
Dona de salão de beleza, Poliana de Lima levou tiro de raspão no pescoço
(Foto: Poliana de Lima/Arquivo Pessoal)
Segundo caso em quatro dias
Este é o segundo caso em que a Polícia Civil é apontada como responsável por tiros que atingiram pessoas inocentes na capital potiguar. No último dia 29, a empresária Poliana de Lima, de 24 anos, foi alvo de um disparo de arma de fogo quando levava a filha de 1 anos e 6 meses para tomar vacina no Conjunto Cidade Satélite, zona Sul de Natal. Segundo ela, o tiro partiu de um carro de polícia que perseguia suspeitos de um assalto. O tiro atingiu o queixo da jovem que precisou levar 21 pontos.
A Corregedoria da Secretaria de Segurança Pública está investigando o caso. “Foram dois policiais que participaram dessa desastrosa operação. O delegado titular da unidade me informou que foi uma arma disparada, infelizmente, por um policial civil”, disse Matias Laurentino, titular da Diretoria de Polícia de Natal e Grande Natal.
Fonte:G1 RN
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