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terça-feira, 24 de agosto de 2010

BARCO DE PESCADORES DA COLÔNIA DE MURIÚ ESTÁ DESAPARECIDO

Dois pescadores da colônia de Muriú estão desaparecidos desde a última quarta-feira, quando saíram para pescar em uma região localizada a 15 quilômetros da costa potiguar. Ivanildo da Silva e Francisco Laércio, de 36 e 17 anos, respectivamente, pretendiam passar somente 12 horas no mar, mas, de acordo com suspeitas de pescadores e familiares, tiveram problemas com o mau tempo e a falta de estrutura no barco. De acordo com a Marinha e a Capitania dos Portos, não foram encontrados até então vestígios dos dois desde o início das buscas, na última quinta-feira.

Ivanildo da Silva e Laércio saíram às duas horas da madrugada da quarta-feira. O mar, segundo pescadores da colônia de Muriú, estava calmo. A previsão era estar de volta às 14h. Contudo, o mar começou a ficar agitado a partir das 10h. Quando o prazo estipulado pelos dois para retornar terminou sem que o barco – registrado com o nome de “Pirata da vovó” -  voltasse até à costa, os familiares da tripulação e o “contratante” do barco ficaram preocupados.

Uma ligação para o celular que estava a bordo do barco foi suficiente para demonstrar o desaparecimento. “Há sinal de celular no local onde eles foram, mas a ligação cai na caixa postal”, afirma Manuel Otávio Silva, atravessador responsável pela compra dos peixes que seriam trazidos pelos dois pescadores. Desde então foram mobilizados navios da Marinha, navios-mercantes, outros pescadores artesanais e nem sinal dos dois pescadores no mar.

Manuel Otávio Silva conta que Ivanildo, pescador experiente, acabou não levando a vela e os coletes salva-vidas. O paquete, uma espécie de jangada, é movido a motor. Mas é comum levar uma vela para emergências. Além disso, é obrigatório o uso de coletes salva-vidas, mas de acordo com o atravessador, Ivanildo e Laércio “esqueceram de pegar o equipamento”. A vela seria importante caso o motor falhasse. “Se o motor tiver falhado, eles ficariam à deriva porque não teriam como voltar para casa”, diz Josimar Oliveira, padrasto de Laércio e também pescador com experiência. Se o mar agitado tiver virado a embarcação, o barco não afundaria. Os pescadores levaram 10 litros de óleo diesel, o que é suficiente para três dias de viagem.
Francisco Laércio, estudante de apenas 17 anos, estava na sua quarta viagem para pescaria, enquanto Ivanildo da Silva pescava desde criança. Os dois trabalhavam em um barco “emprestado”. O “atravessador” Manuel Otávio comprava todo o pescado obtido nas viagens de Laércio e Ivanildo. Funcionava da seguinte maneira: Manuel havia reformado há menos de um mês o barco Pirata da vovó. Para recuperar o investimento, o dono do barco emprestava o equipamento para Ivanildo pescar e vender os peixes para Manuel.
A esposa de Ivanildo, Maria Lúcia de Oliveira, e a mãe de Laércio, Jocelícia de Assis, estão desesperadas. As duas choraram várias vezes durante a entrevista, mas ainda mantêm esperanças de encontrar os parentes. Manuel Otávio, empregador informal dos dois pescadores, tem se encarregado de cobrar atitude das autoridades e ajuda financeiramente como pode. “Eu não tenho outra fonte de renda, então o seu Manuel às vezes pergunta se estamos com alguma dificuldade”, diz Maria de Oliveira. Jocelília, muito afetada pelo desaparecimento do filho mais novo, mal conseguia falar com a reportagem.

A Marinha do Brasil informou através de sua assessoria de imprensa que irá continuar com as buscas, mas até o fechamento desta edição não havia novidades.

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