Pages

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

CIDADE DE ALAGOAS TEM PREFEITURA EM POSTO DE GASOLINA

Destruída pela enxurrada de junho, Branquinha vive alheia às eleições

No 3º dia da série sobre cidades atingidas pelas chuvas, G1 chega a AL.
‘O tempo aqui parou no dia que a água levou tudo embora’, diz moradora.

Completamente destruída pela enxurrada que castigou Alagoas em junho deste ano, Branquinha, a 64 quilômetros da capital Maceió, é hoje uma cidade que parou no tempo. A pouco mais de um mês das eleições, não é a escolha do candidato ou a propaganda do horário eleitoral que mobiliza a atenção dos moradores.

Desde que as águas do Rio Mundaú tragaram centenas de casas e prédios públicos, fazendo sumir do mapa todo o centro da cidade, a rotina em Branquinha se resume a encarar filas em busca de mantimentos, cuidar dos poucos bens materiais que sobraram e esperar pelo lento trabalho de reconstrução.

No terceiro dia percorrendo cidades castigadas por catástrofes naturais no país – segunda foi Paraitinga (SP), terça, Angra dos Reis (RJ) –, o G1 passou um dia no município alagoano de 12,2 mil habitantes que terá de ser reconstruído em outro lugar.

Responsável por cadastrar os moradores e organizar a distribuição de donativos, a Prefeitura de Branquinha foi instalada em um cubículo no único posto de gasolina da cidade. Em pouco mais de 20 metros quadrados, “funcionam” o gabinete da prefeita, a procuradoria municipal, o setor de Recursos Humanos, a área de cobrança de tributos e outras funcionalidades do poder público municipal. No mesmo posto de gasolina também funcionam as secretarias de Saúde e de Educação.image

Quem teve dinheiro, alugou casas em municípios vizinhos para hospedar parentes e a família. Os que não tiveram a mesma sorte, ou estão morando na casa de parentes na parte mais alta da cidade ou foram para abrigos e barracas, como é o caso da dona de casa Maria do Carmo, 35 anos, moradora da rua Marechal Deodoro, região mais castigada pela enxurrada.

“Estou há um mês morando na barraca. Eu, meu marido e meus dois filhos”, relatou Maria ao G1. “Quando o rio começou a subir, a gente só teve tempo de tirar o rack da televisão e som, porque não tinha carro para buscar o resto. Demorou uma semana para eu conseguir voltar na rua de casa, quando a água baixou. Foi uma tristeza, mas agora é tocar a vida”, complementou.

Questionada se a enxurrada havia levado embora também o ânimo de votar nas eleições de outubro, Maria se surpreendeu: “É verdade. Nem havia me dado conta. Nem lembrava da eleição. A gente nem pensa nisso. O tempo aqui parou no dia que a água levou tudo embora.”image

fonte:g1

Nenhum comentário:

Postar um comentário