Destruída pela enxurrada de junho, Branquinha vive alheia às eleições
No 3º dia da série sobre cidades atingidas pelas chuvas, G1 chega a AL.
‘O tempo aqui parou no dia que a água levou tudo embora’, diz moradora.
Completamente destruída pela enxurrada que castigou Alagoas em junho deste ano, Branquinha, a 64 quilômetros da capital Maceió, é hoje uma cidade que parou no tempo. A pouco mais de um mês das eleições, não é a escolha do candidato ou a propaganda do horário eleitoral que mobiliza a atenção dos moradores.
Desde que as águas do Rio Mundaú tragaram centenas de casas e prédios públicos, fazendo sumir do mapa todo o centro da cidade, a rotina em Branquinha se resume a encarar filas em busca de mantimentos, cuidar dos poucos bens materiais que sobraram e esperar pelo lento trabalho de reconstrução.
No terceiro dia percorrendo cidades castigadas por catástrofes naturais no país – segunda foi Paraitinga (SP), terça, Angra dos Reis (RJ) –, o G1 passou um dia no município alagoano de 12,2 mil habitantes que terá de ser reconstruído em outro lugar.
Responsável por cadastrar os moradores e organizar a distribuição de donativos, a Prefeitura de Branquinha foi instalada em um cubículo no único posto de gasolina da cidade. Em pouco mais de 20 metros quadrados, “funcionam” o gabinete da prefeita, a procuradoria municipal, o setor de Recursos Humanos, a área de cobrança de tributos e outras funcionalidades do poder público municipal. No mesmo posto de gasolina também funcionam as secretarias de Saúde e de Educação.
Quem teve dinheiro, alugou casas em municípios vizinhos para hospedar parentes e a família. Os que não tiveram a mesma sorte, ou estão morando na casa de parentes na parte mais alta da cidade ou foram para abrigos e barracas, como é o caso da dona de casa Maria do Carmo, 35 anos, moradora da rua Marechal Deodoro, região mais castigada pela enxurrada.
“Estou há um mês morando na barraca. Eu, meu marido e meus dois filhos”, relatou Maria ao G1. “Quando o rio começou a subir, a gente só teve tempo de tirar o rack da televisão e som, porque não tinha carro para buscar o resto. Demorou uma semana para eu conseguir voltar na rua de casa, quando a água baixou. Foi uma tristeza, mas agora é tocar a vida”, complementou.
Questionada se a enxurrada havia levado embora também o ânimo de votar nas eleições de outubro, Maria se surpreendeu: “É verdade. Nem havia me dado conta. Nem lembrava da eleição. A gente nem pensa nisso. O tempo aqui parou no dia que a água levou tudo embora.”
fonte:g1
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