Além dos três óbitos confirmados, outros 12 estão sob suspeita.
Com a crescente incidência de dengue no Rio Grande do Norte, estima-se que o número de mortos pela doença possa chegar a 15. Além dos três óbitos já confirmados - dois pela virose e um por complicações no tratamento – outros 12 estão sob suspeita.
A informação foi dada pela subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), Juliana Araújo, durante entrevista ao jornalista Diógenes Dantas para o Jornal 96, da 96FM. Ela comentou ainda sobre a possibilidade de aumento no número de mortes, caso um novo sorotipo do vírus – a dengue 4 – comece a circular em território potiguar.
Este tipo de vírus esteve no Brasil somente há 28 anos e, ainda assim, por um curto período. No RN a situação é ainda mais delicada, visto que o estado nunca sequer notificou algum caso da doença. Apesar disso, existe a possibilidade de o vírus chegar aqui. Além de circular em países vizinhos, três moradores de Roraima já foram diagnosticados com a dengue 4.
“Em se tratando de dengue, não existe forma mais ou menos grave. O que faz a diferença é o organismo de cada um. Quando um novo tipo entra no estado, toda a população está sujeita a infecção. E como o sorotipo 4 novo, nosso organismo está totalmente aberto para receber e responder contra o vírus e isso pode levar a uma dengue hemorrágica ou um caso mais complicado”, explica a subcoordenadora.
Por estas razões, ela diz que os órgãos públicos precisam estar sempre atentos às tipagens virais em circulação pelo estado. No último surto epidêmico, em 2008, por exemplo, as infecções foram causadas, em sua maioria, pelo vírus tipo 3. Agora, por outro lado, os casos registrados têm sido de dengue 1 e 2. Ao todo, o RN já contabiliza 5.232 casos de dengue – segundo dados do último boletim epidemiológico divulgado pela Sesap.
O número supera em 55,76% aquele registrado no mesmo período do ano passado. Isto se deve, principalmente, ao caráter endêmico da doença. Historicamente, tem-se observado maior índices de ocorrências em anos alternados. Como em 2008 o estado viveu um surto de grandes proporções, esperava-se que a situação se repetisse este ano.
De fato, o RN foi enquadrado como um dos nove estados com alto risco de epidemia, de acordo com levantamento realizado pelo Ministério da Saúde. Além do RN, Alagoas, Pará, Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná e São Paulo encontram-se na mesma situação. Em nível ainda mais grave, com risco muito alto de epidemia, aparecem Amazonas, Amapá, Maranhão, Ceará, Piauí, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Rio de Janeiro.
A ferramenta utilizada para o levantamento foi o chamado “Risco Dengue”, que leva em consideração cinco critérios básicos. Destes, três compõe as competências do setor de saúde: incidência de casos nos anos anteriores, índices de infestação pelo mosquito Aedes aegypti e tipos de vírus da dengue em circulação. Ainda há um fator ambiental – cobertura de abastecimento de água e coleta de lixo; e outro demográfico – densidade populacional.
Assim, para tentar evitar o avanço, Juliana Araújo pede a colaboração da população. As recomendações são para não deixar água parada, limpar os espaços abertos da casa e não deixar expostos recipientes que possam acumular água. Neste sentido, o carro fumacê aparece como último recurso a ser empregado. “Ele não é um método preventivo, mas de contenção da proliferação do mosquito”, esclarece.
Apesar de os carros fumacê ainda não estarem nas ruas, a subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica afirma que a secretaria já acendeu o sinal de alerta. “O Giselda Trigueiro vem sendo preparado para atender casos futuros. Já contratamos novos leitos e estamos capacitando os profissionais de saúde”, conta.
Além disso, existe um Comitê de Enfrentamento às Emergências em Saúde Pública, que se reúne mensalmente, e conta com diversos setores da esfera pública. A Sesap encabeça a iniciativa juntamente com o Conselho Regional de Medicina (Cremern), o Ministério Público, as secretarias de educação, dentre outros órgãos. “É preciso lembrar que a dengue é um problema multifatorial e intersetorial”, comenta Araújo.
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