Simpósio em Defesa da Família, ocorrido nesta quinta-feira (23), na Escola de Governo do RN, no Centro Administrativo, deixou o auditório lotado para ouvir três palestrantes: o promotor de Justiça Antônio Carlos Lorenzetti de Mello; o procurador da República Guilherme Zanina Schelb e a pastora e assessora jurídica da Frente Parlamentar Evangélica, Damares Alves. Temas como aborto, sexualidade, pedofilia e Código Penal atraíram a atenção do público que prestigiou o evento coordenado pelo deputado estadual Antônio Jácome.
Lideranças religiosas, representantes de comunidades, professores, estudantes, donas de casa, evangélicos e adeptos de outras religiões cristãs participaram do encontro, que contou ainda com as presenças da governadora Rosalba Ciarlini e do vereador Jacó Jácome.
Antônio Carlos Lorenzetti falou sobre o projeto de lei do novo Código Penal Brasileiro. O que está em vigor, disse, “tem 74 anos, é arcaico”. “Precisamos ficar atentos para algumas mudanças que querem implementar nas leis brasileiras que vão de encontro aos interesses da família, como a liberação do aborto e das drogas. Temos que nos levantar contra isso”.
O procurador da República Guilherme Zanina Schelb, conhecido internacionalmente e um dos responsáveis por investigações que já colocaram atrás das grades diversos corruptos brasileiros, trabalha combatendo a pedofilia e o abuso sexual há 22 anos. “O Brasil é o primeiro destino de turismo pedófilo do mundo”, alertou.
Schelb foi enfático a dizer que dois terços dos líderes do Movimento Gay foram evangélicos e pediu que os pastores, pais e profissionais de educação reflitam sobre os riscos que as crianças e adolescentes correm todos os dias, pois são presas fáceis para agressores. “Vivemos por trás de um esmalte, protegidos por Jesus, mas nosso coração está cheio de pecados. Dois terços dos líderes do Movimento Gay foram evangélicos. Não sei onde tem mais pedófilos, se dentro ou fora das igrejas cristãs”.
O palestrante citou alguns casos de violência contra crianças e adolescentes, acrescentando que o Movimento Gay e o Movimento Pedófilo têm em comum a defesa da autonomia das crianças em decidirem o que desejam ser. “Criança não pode decidir. Não sou contra os homossexuais, sou contra o Movimento Gay, que é articulado, que tem interesses por trás do que dizem, tanto que muitos gays me procuram e dizem que eu não posso parar minha batalha em livrar as crianças das mãos dos pedófilos. Muitas meninas que são abusadas recorrem ao álcool ou outras drogas muito cedo. Crianças abusadas, em muitos casos, se autoflagelam, roem as unhas até sair sangue, puxam os cabelos até arrancar muito deles, fazem tatuagens para sentir a dor, têm pesadelos, terror noturno e mudam o olhar. Precisamos estar atentos a esses sinais”, ensina.
Chegava a vez de Damares Alves, que também é educadora e tem alguns dos vídeos mais acessados do Youtube, quando não poupa críticas a governantes e gastos de dinheiro público com materiais que, segundo ela, degradam a família.
A pastora Damares começou sua fala dizendo que o Brasil não está bem e, embora o evento não tivesse caráter político-partidário, conclamou que os evangélicos potiguares precisam eleger representantes das suas igrejas para o Congresso Nacional. E justificou: “Na hora de um enfrentamento em defesa da família lá em Brasília, o Rio Grande do Norte não tem ninguém das igrejas evangélicas”.
Segundo ela, existem pesquisas apontando para um número maior de evangélicos que católicos no Brasil, em 2020. “Hoje, temos somente três senadores e 78 deputados federais evangélicos”, contabilizou.
A religiosa falou sobre o decreto presidencial 7.037, de 21 de dezembro de 2009, assinado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva que em um dos seus pontos quer “reconhecer e incluir sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução da heteronormatividade”. “Vocês estão vendo? O presidente assina um absurdo como esse no dia 21 de dezembro, quando os parlamentares já estavam em recesso, quando os deputados e senadores evangélicos já estavam em seus estados. Quando falam em desconstrução, é a desconstrução da família e isso não pode ser aceito. Isso tem influência do Movimento Gay, dessas manifestações sociais que vão para as ruas para acabar com nossas famílias, como a Marcha das Vadias, que defende o aborto e a liberação sexual. O Movimento Gay está financiando campanhas de políticos, para ficar mais forte no Congresso Nacional, e as igrejas evangélicas ficam de braços cruzados, assistindo a tudo isso”, disse, sendo aplaudida.
Defensora ferrenha de qualquer ação contra ao aborto, Damares Alves não questiona o direito que a mulher tem do seu corpo, mas argumenta que nenhuma mulher tem o direito de matar uma criança, justamente por se tratar de outro corpo. “Como mulher, como pastora, jamais defenderei o aborto. Só quem defende o aborto é quem já teve o direito de nascer. Muitas igrejas gastam tanto dinheiro com festinhas sem futuro, ao invés de pegar esse dinheiro e acolher uma mãe que está grávida, pensando em abortar. Vamos acolher essas mulheres, oferecer condições de ter o filho. Caso elas não queiram as crianças depois de nascidas, vamos acionar o Conselho Tutelar e colocar aquela criança para adoção. Chega de matança. A ciência já comprovou que existe vida logo após a fecundação. Há muitos movimentos por aí espalhados Brasil afora para acabar com nossas famílias, mas nós não podemos deixar que isso aconteça”, discursou.
Damares Alves apresentou diversas ilustrações de cartilhas que, de acordo com suas denúncias, foram pagas pelo Governo Federal para ensinar os jovens a usar drogas, a fazer sexo, a aceitar o casamento gay. “Isso é um absurdo. Há cartilhas com ilustrações de homem fazendo sexo com homem, mulher fazendo sexo com mulher. E tudo isso acessível a crianças, a adolescentes”, contou.
A assessora jurídica de todos os parlamentares evangélicos no Congresso Nacional terminou sua palestra mostrando a fotografia de um falso pastor evangélico que estuprou, matou uma menina e ainda queimou o cadáver. Ela também apresentou a fotografia da vítima jogada no chão. E surpreendeu o público: “A menina Márcia não venceu a pedofilia, mas eu venci. Sou neta de evangélicos, filha de um pastor evangélico e fui violentada, aos seis anos de idade, por um pastor que meu pai hospedou em nossa casa. Meu pai estava ocupado demais construindo uma igreja e não percebeu nada. Minha mãe estava ocupada com o círculo de orações e também não percebeu nada. Os diáconos da minha igreja também não viram nada de estranho em mim, apesar da minha tristeza. Quando eu tinha 25 anos, fui de São Paulo visitar meus pais em Sergipe e vi num jornal a foto de um pastor que havia sido preso por estuprar uma menina e o reconheci. Naquele dia, passei mal, fui para o quarto chorar e minha mãe, chorando, disse que sabia do que tinha acontecido comigo com aquele homem, mas que não tinha feito nada para me ajudar, porque o pessoal da igreja disse que era pecado se ela fosse falar disso comigo e que apenas orasse por mim. Se a igreja tivesse me abraçado naquele momento, talvez em tivesse tido outra história, tivesse crescido melhor. E hoje, infelizmente, muitas igrejas também só fazem orar quando sabem de um caso desse, mas é preciso agir, denunciar os agressores”.
O deputado Antônio Jácome considerou o Simpósio surpreendente e marcante. “Sabíamos que seria um evento importante, por se tratar da Defesa da Família, quando sabemos que há tantos problemas nas famílias brasileiras, mas o desempenho dos três palestrantes foi maravilhoso. Nossa ideia é interiorizar esse Simpósio, dando oportunidade a diversas cidades pelo interior a ter acesso a essas palestras, a essas discussões em prol da família”.
FOTOS: JOÃO NETO/CAFÉ DESIGN
LEGENDAS DAS FOTOS:
FOTO 1 : Promotor Antônio Carlos Lorenzetti
FOTO 2 : Plateia
FOTO 3 : Plateia
FOTO 4 : Procurador Guilherme Schelb
FOTO 5 : Procurador Guilherme Schelb
FOTO 6 : Deputado Antônio Jácome abre o evento
FOTO 7 : Pastora Damares Alves
FOTO 8 : Pastora Damares Alves
FOTO 9: Antônio Carlos Lorenzetti, Guilherme Schelb, Antônio Jácome e Jacó Jácome (À DIREITA)
FOTO 10 : Guilherme Schelb, Antônio Jácome, Damares Alves e Jacó Jácome
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