O presidente da Comissão de Agricultura Pecuária e Desenvolvimento Rural da Câmara, deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), disse, em tom de desabafo, na quarta-feira (23), que “não é possível brincar com a situação emergencial da fome no Nordeste”.
O parlamentar reclamou da demora, por parte do governo, da assinatura de uma Portaria que beneficiaria os pequenos produtores da região, atingidos pela estiagem, na liberação de milho para os rebanhos, e ainda contestou os preços diferenciados da comercialização do grão entre o Sul (R$ 18,10) e Nordeste (que o governo anuncia para ser R$ 27,00).
As declarações de Matos foram feitas após ele se reunir com o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), José Carlos Vaz, pedindo uma solução para o impasse.
As reivindicações do presidente da CAPDR tomam como base a reunião que ele teve no dia 22 com os presidentes de Federações Estaduais de Agricultura da região Nordeste, que fizeram reclamações e sugestões com relação à questão do abastecimento de grãos, principalmente do milho – que já começa a falta em alguns estados. “Acredito que o deputado está ciente de nossa luta e pediu esse empenho do governo federal. Se tudo correr bem, as nossas reivindicações serão atendidas e um maior número de produtores rurais serão beneficiados”, afirmou o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern), José Álvares Vieira.
Preocupação
“Há certa movimentação de insatisfações sociais entre os pequenos e médios agricultores pelo desabastecimento, através da Conab, do milho, e isso precisa ser urgentemente normatizado”, informou o deputado Raimundo Matos.
O deputado lembrou que a presidente Dilma quando apresentou todas as propostas de combate à estiagem no Nordeste afirmou que o grão iria chegar a R$ 18,10 em vários estados. Entretanto, precisa ter uma portaria assinada por vários ministros normatizando essa comercialização. “Só que até a presente data a Portaria não foi assinada e os presidentes das Federações de Agricultura do Nordeste estão bastante preocupados e penso porque alguns animais de pequeno porte estão morrendo e nós precisamos fazer esta pactuação”, reclamou Matos.
Segundo o deputado Raimundo Matos, cada estado do Nordeste apresentou um número de animais e foi feito um cálculo de 30% – que é o aditivo do milho na ração – e da quantidade de toneladas, a demanda necessária para cada unidade. “O Nordeste que precisa de um quantitativo menor de grãos (de milho), essa comercialização não está ocorrendo, porque falta o governo federal normatizar essa Portaria para a região”, contesta o deputado cearense.
Preço diferenciado
O parlamentar revelou que está tendo um impasse. “Milho tem. Existem nos estoques 37 milhões de toneladas, que já está sendo deslocada para os estados. O estado do Ceará, por exemplo, já recebeu mil toneladas. Entretanto, essa mil toneladas que já estão nos armazéns do estado não podem ser comercializados a R$ 18,10, porque a Conab ainda não recebeu a Portaria autorizando isso. Está sendo comercializado a R$ 33,00”, ressaltou.
O presidente da Comissão da Agricultura fez outro alerta. “Ora, a presidente Dilma afirma que é para vender o milho a um preço, mas a Conab diz que não tem a Portaria determinando esse valor, o pequeno produtor está vendo o milho no armazém. Daqui a pouco vão invadir os armazéns, vai gerar convulsão social. É isso que nós estamos mostrando para o ministro”, informou o deputado.
O parlamentar cearense também contesta a diferença de preços do milho entre as regiões Sul e Nordeste. “Há uma informação que a área econômica do governo está querendo colocar o valor do milho, na região Nordeste a R$ 27,00. Ora, se no Sul está a R$ 18,10, porque no Nordeste ser a R$ 27,00? Queremos isonomia, igualdade. Acho que isso é justo”.
Paulo Correia / AEcoar
Com informações do portal Política Real.com
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