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terça-feira, 19 de maio de 2009

Corrupção - PRESO EMPRESÁRIO QUE REVENDIA DONATIVOS DE VÍTIMAS DAS CHUVAS EM SC

Cerca de 400 mil peças de roupas, colchões e alimentos doados estavam sendo vendidos por R$ 1 cada peça. Segundo a polícia, as doações foram desviadas da prefeitura de Ilhota.

Pelo menos 400 mil peças de roupas, colchões e alimentos que os brasileiros doaram para as vítimas das enchentes em Santa Catarina estavam sendo revendidos por um microempresário no sul do país. Ismael Evelson Ratzkob admite que cobrava R$ 1 por peça.

A polícia invadiu a casa do empresário Ismael Ratzkob durante a madrugada. Encontrou espalhadas por diversos cômodos pilhas de roupas, comida e até colchões -material que foi doado para as vítimas da enchente de Santa Catarina em novembro do ano passado.

Segundo a polícia, as doações foram desviadas da prefeitura de Ilhota, um dos municípios mais atingidos pela tragédia. A quantidade impressiona: só de roupas são quase 400 mil peças que estavam guardadas também em um galpão ao lado da casa do empresário. Elas foram transportadas em um caminhão apreendido hoje pela polícia. O empresário teria feito pelo menos dez viagens de Rio Negrinho, cidade onde mora, até Ilhota.

A polícia investiga a participação de funcionários da prefeitura de Ilhota no desvio das doações. O empresário preso hoje revendia as roupas desde o começo deste ano. Ele admitiu que cobrava R$ 1 por peça. “Eu vendo porque foi doado para mim e eu posso fazer o que eu bem quiser com eles”, diz Ratzkob.

O empresário tinha aberto brechós pela cidade. Três pontos de venda foram lacrados esta manhã na cidade de Rio Negrinho. Ele nega a acusação de desvio, diz que ganhou as roupas, a comida e os colchões da prefeitura de Ilhota. “É sobra de donativos e não tem onde as prefeituras colocarem esses donativos”, diz o empresário.
O delegado recebeu uma denúncia anônima e passou um mês investigando o empresário. “A partir do momento que isso é doado para a administração pública, se trata de um bem público, então se a administração pública quiser repassar, ainda mais nessa quantidade de bens, deve incorrer em vários procedimentos licitatórios”, diz Procópia Silveira Neto, delegado.

O prefeito de Ilhota não sabe explicar o que aconteceu. “O que ele fez, para nós, é um crime. Nós vamos apurar as responsabilidades e punir os responsáveis, com certeza”, diz Ademar Felisky, prefeito. A polícia suspeita que o esquema de desvio de doações seja ainda maior e vai investigar o envolvimento de funcionários de outras prefeituras da região atingida pela chuva em Santa Catarina -que receberam donativos no ano passado.

A Justiça decretou prisão temporária do microempresário por receptação qualificada e também formação de quadrilha. Se ele for condenado, a pena pode chegar a sete anos.

A gerente de projetos sociais da Cruz Vermelha de São Paulo, Luciana Mateus, ficou horrorizada quando ouviu essa denúncia. Disse que é difícil entender que exista gente que se aproveite da desgraça alheia. Fez um apelo a todos: “não deixem de contribuir”; e também, um convite: a Cruz Vermelha Internacional está aberta a visitas.

E enquanto eu conversava com a Luciana ao telefone, ela estava conversando com a coordenadora da Cruz Vermelha do Maranhão. E elas disseram que o que eles mais precisam nesse momento é de água potável.

Enquanto isso, flagelados tentaram saquear um helicóptero que distribuía mantimentos para as vítimas das enchentes. Foi um fato isolado em uma cidade chamada Icatu, a cerca de 100 km de São Luís. No interior, a população é muito pobre. Agora, com as cidades alagadas, eles não tem mais a produção agrícola, não conseguem pescar, não conseguem nem ter acesso a alimentação. Eles estavam desesperados aguardando a ajuda das autoridades. Quando o helicóptero da Força Aérea Brasileira chegou a essa cidade, as pessoas se desesperaram e foram para cima do helicóptero para tentar saquear essas cestas.

Depois disso, a Polícia Militar passou a fazer a segurança, armada com fuzis e metralhadoras, para deixar a população longe dos helicópteros. Só assim, os homens da Força Aérea Brasileira e também da Marinha e da Polícia Rodoviária Federal que estão fazendo a distribuição dos donativos com os helicópteros, possam fazer o trabalho com segurança.

Noventa e cinco cidades do Maranhão continuam sofrendo por conta das enchentes. Mais de 360 mil pessoas foram atingidas. Dez pessoas morreram e outras duas estão desaparecidas. E acontece um outro problema: antes não tinham os helicópteros para levar os donativos, agora, faltam voluntários para ajudar a distribuir tudo o que tem no galpão, as doações que chegam de várias partes do Brasil.

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