Cerca de 50 catadores estão sem trabalhar em virtude do não pagamento da Urbana a empresas terceirizadas.
Há um mês catadores de lixo reciclável de Natal descumprem a determinação do Ministério Público que vetou o depósito de resíduos no lixão de Cidade Nova. Porém, a raiz do problema surgiu há três meses, período em que os carros de empresas terceirizadas que participavam da coleta foram gradativamente sendo retirados das ruas.
A explicação para a situação foi dada pelo presidente da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis (Ascamar), Severino Júnior. De acordo com ele, há 120 dias os terceirizados não recebem o pagamento que deveria ser feito pela Urbana. O resultado é que os 16 caminhões que faziam a coleta nos bairros da capital foram sendo retirados. Atualmente, apenas seis veículos são utilizados.
Ainda segundo Severino Júnior, os problemas apenas começaram. Impossibilitados de trabalhar nas ruas, os catadores voltaram às atenções para o lixão, que passou a acumular o material recolhido nas vias públicas.
Foto: Artur Dantas
Severino Júnior, presidente da Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis (Ascamar).
De acordo com a assessoria de comunicação da Prefeitura do Natal, “o trabalho havia sido prejudicado nas últimas duas semanas em função da diminuição do ritmo de recebimento do lixo por parte da empresa responsável pelo aterro (Braseco), e um acúmulo foi verificado. Com esse acúmulo de lixo, alguns catadores deixaram de fazer a coleta porta a porta, desobedecendo à proibição de catação no local e invadindo a área”.
Sem condições de trabalho e com dificuldades financeiras, os catadores passaram a recolher os materiais recicláveis das montanhas de lixo. “Como eu vou dizer aos catadores que estão passando fome que eles não podem pegar o material do lixão? E eles vão comer como? Enquanto muitas pessoas estão vendo apenas lixo, nós enxergamos o nosso sustento. Sabemos que é errado, mas eles não podem ficar sem pagar as contas e se alimentar”, falou Severino Júnior.
“Natal vive um colapso. Faltam equipamentos para a coleta seletiva e o lixo não está sendo direcionado para o lixão de Ceará-Mirim. Neste momento temos 50 catadores que trabalham porta a porta parados sem saber como será o dia de amanhã”, completou o presidente.
Foto: Artur Dantas
Com o acúmulo de lixo, alguns catadores deixaram de fazer a coleta porta a porta.
O presidente da Coopecicla, Francisco das Chagas, destacou que na última quinzena os catadores receberam R$ 84 cada, quando se esperava o valor normal de R$ 150. “Não queremos ficar trabalhando aqui no lixão. Queremos voltar às ruas e fazer o nosso trabalho. Mas para isso precisamos que as coisas voltem a funcionar”, finalizou.
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