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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Caicó – RN recebe registro de Patrimônio Cultural da Festa de Sant’Ana

Catedral de Santana

A tradicional Festa de Sant´Ana da cidade de Caicó, no Rio Grande do Norte, este ano terá mais um motivo para envolver toda a comunidade nas celebrações. No próximo dia 31 de julho, último dia da festa, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan fará a entrega oficial à cidade do Título de Patrimônio Cultural do Brasil e da Certidão de Registro da Festa de Sant’ Ana de Caicó – RN, inscrita no Livro de Registro das Celebrações em 10 de dezembro de 2010.

Estarão presentes na cerimônia a diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial – DPI/Iphan, Célia Corsino, a Coordenadora Geral de Identificação e Registro, Ana Gita de Oliveira, e a técnica da Coordenação de Salvaguarda, Natália Brayner, além da superintendente do Iphan-RN, Jeanne Fonseca Leite Nesi, e representantes do governo local e da comunidade. Nos dois dias seguintes à cerimônia de entrega acontecerão as primeiras reuniões com os técnicos e as pessoas envolvidas para a elaboração do Plano de Salvaguarda da festa. Entre as medidas a serem implantadas estão ações que incentivem e garantam a transmissão dos saberes das mestras de chouriço e do ofício das bordadeiras; um Programa de Educação Patrimonial em escolas da rede pública para difundir o conhecimento a respeito do patrimônio cultural nacional e local; e a criação de um Memorial de Sant’Ana e de um roteiro histórico da festa para que visitantes e moradores de Caicó tenham contato com os principais monumentos e lugares importantes.

Os primeiros registros históricos da celebração datam de 26 de julho de 1748. A festa reúne diversos rituais religiosos, profanos e outras manifestações culturais e remonta à formação da sociedade brasileira no período da colonização. Ocorre todos os anos, entre a quinta-feira anterior ao dia 26 de julho, dia de Sant'Ana, até o domingo seguinte. As preparações começam no mês de abril para garantir a perfeita realização de todas as cerimônias que foram agregadas à Festa, como as peregrinações rurais e urbanas e seus rituais de missa e procissão e o Encontro das Imagens.

Além das celebrações, os dias da festa incorporam muitas outras manifestações culturais importantes para a formação da identidade local. Merecem destaque a produção das comidas do Seridó potiguar, como a buchada, a panelada, a fritada, a galinha caipira, a carne de criação e de porco torrada, a paçoca de carne de sol, os queijos de coalho e de manteiga e também os doces, como chouriço, filhoses e biscoito de goma de mandioca. Ainda há a confecção do artesanato sertanejo, como os bordados do Seridó que chegaram à região pelas mulheres dos colonizadores portugueses e estão, hoje, incorporados na Festa de Sant’Ana nas vestimentas de fiéis e clero nos eventos religiosos.

O culto à Sant’Ana e a origem da festa em  Caicó

O culto a Sant’Ana, que na tradição católica é a mãe de Maria e, portanto, avó do menino Jesus, foi formalizado pela Igreja Católica no século XIV e teve sua data fixada em 26 de julho no século XVI. Em Caicó, que tem a santa como padroeira, o culto está vinculado à fundação da cidade, no século XVII.  A construção da primitiva capela de Sant’Ana, em 1695, e a história de alguns milagres da santa motivaram a devoção do seridoense por Sant’Ana.

Conta a lenda que a construção da capela foi um gesto de gratidão à intervenção da santa. Um vaqueiro, ameaçado por um touro bravo, pediu ajuda a Sant’Ana, que intercedeu a seu favor. Durante a construção da capela, mais uma vez a comunidade pediu auxílio à santa para impedir a seca do poço de água, no leito do rio Seridó. Sant’Ana Ajudou e, depois disso, o poço nunca mais secou, sendo possível terminar a construção da igreja. O Poço de Sant’Ana existe até hoje e faz parte de todas as narrativas sobre a origem da cidade.

Atualmente, os eventos religiosos concentram-se ao redor Catedral de Sant’Ana, mas envolve todo o município com procissões, carreatas e cavalgadas. Outro local de destaque é o Pavilhão de Sant’Ana, onde ocorrem os eventos sócio-culturais. Em 2008, foi inaugurado o Complexo Turístico Ilha de Sant’Ana em uma ilha fluvial no meio do rio Seridó, com praça, bares, restaurantes, palcos, anfiteatro e ginásio, onde ocorrem os shows e a Feira de Artesanato dos Municípios do Seridó que reúne artistas de todo o nordeste. Mas, na verdade, a Festa de Sant’Ana

As festividades começam com a Peregrinação Rural da imagem de Sant’Ana pelas casas do campo durante os 15 sábados que antecedem o início oficial da festa. A Peregrinação Urbana ocorre diariamente desde o início de junho até a véspera da abertura oficial, quando ocorre o Encontro das imagens no cruzamento das principais avenidas da cidade. É nesse momento que chega à cidade um grupo da Peregrinação a Sant’Ana Caravana Ilton Pacheco. Para homenagear Sant’Ana, o grupo percorre de 85 quilômetros, cantando e rezando até chegar em Caicó. Vale ressaltar que à imagem original de Sant’Ana, benzida durante a instalação oficial da Povoação de Caicó em 1735, tombada pelo Iphan em 1962, está ainda hoje no nicho lateral da Catedral.

A Abertura oficial da Festa de Sant’Ana de Caicó é na quinta-feira que antecede o dia 26 de julho, com passeata solene, saindo da Catedral de Sant’Ana pela cidade até retornar ao largo da Catedral onde é hasteado o estandarte à Sant’Ana no mastro que fica no local até o fim da procissão de encerramento. Após as celebrações de abertura há um banquete, o Jantar de Sant’Ana. O primeiro domingo de festa é o dia da Cavalgada de Sant’Ana. Diversas pessoas, algumas trajando indumentária de vaqueiro, percorrem as ruas da cidade desde o Parque da Exposição de Caicó até o Pátio da Catedral de Sant’Ana onde são recebidos com uma missa e a benção dos animais. Há também a Carreata de Sant’Ana que ocorre na última sexta-feira da festa, noite da novena dedicada aos motoristas.

A Missa Solene acontece sempre no último dia de festa, no domingo pela manhã e é um dos ápices das festividades. É um momento de grande comoção, quando muitos devotos pagam suas promessas. A comoção em torno da missa é tanta que é também transmitida pelas emissoras de rádios da região do Seridó e, em 2007, foi transmitida ao vivo pela internet. Ao fim da Missa solene, são feitos os últimos preparativos para a procissão com a finalização da ornamentação dos andores das imagens de Sant’Ana e São Joaquim.

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