No oceano Pacífico, persiste a condição de resfriamento das águas com predomínio de anomalias negativas da Temperatura da Superfície do Mar (TSM), principalmente no setor centro-oeste da bacia, típico de um evento de La Niña (Figura 1). As anomalias de Pressão ao Nível do Mar (PNM) são características desta situação, com anomalias negativas de PNM no setor centro-oeste da bacia, região da Indonésia e proximidades, com incidência de forte atividade convectiva e precipitação acima da média. A este padrão, associam-se anomalias positivas de PNM, radiação de onda longa e precipitação abaixo da média nos setores centro-leste e sudeste da bacia. A circulação de ventos em baixos níveis (850 hPa) corrobora essa situação de La Niña no Pacífico Tropical, destacando-se ventos mais intensos soprando de leste para oeste, em particular no centro-oeste da bacia. Os resultados dos modelos numéricos e estatísticos indicam a permanência de águas mais frias (anomalias Negativas de TSM) no Pacífico Tropical, pelo menos até o final do outono no Hemisfério Sul (junho de 2012), indicando a continuidade do evento de La Niña nos próximos meses. Anomalia da Temperatura da Superfície do Mar para o mês de dezembro de 2011
No Atlântico Tropical Norte, ressalta-se a presença de anomalias positivas de TSM mais intensas no setor oeste e próximo à costa da América do Sul, com valores superiores a 0,5º C. No setor sul da bacia, predominaram anomalias de TSM com valores negativos a em torno da média. As anomalias de PNM e ventos estão consistentes com essa configuração térmica. Vale mencionar que a TSM no Atlântico Tropical, nos primeiros dias de janeiro de 2012, apresenta uma tendência de aquecimento ao sul e resfriamento ao norte do Equador.
Em síntese, as condições oceânicas e atmosféricas nos oceanos Pacífico e Atlântico Tropical indicam: no Pacífico, condição favorável a um quadro de chuvas regulares com totais em torno da média no Nordeste do Brasil (região semiárida); no Atlântico Tropical, há evidências de condições associadas a anos com chuvas em torno a abaixo da média no semiárido nordestino. É importante ressaltar que um contínuo monitoramento das condições térmicas do Atlântico Tropical, nos próximos meses, é fundamental para definir a qualidade da estação chuvosa no setor norte do Nordeste do Brasil.
Climatologia da Precipitação no Nordeste no Trimestre Fevereiro a Abril
Neste trimestre, os valores de chuva acima de 500 mm concentram-se no setor norte dos estados do Maranhão e Piauí, litoral do Ceará e áreas de relevo elevado (sul do Ceará e o centro-oeste da Paraíba e Rio Grande do Norte). Totais inferiores a 500 mm são observados no sul do Maranhão, Piauí, áreas de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. No noroeste dos estados de Sergipe e Alagoas e grande parte da Bahia, totais inferiores a 300 mm. Na maior parte do semiárido nordestino, este trimestre representa o período principal de chuvas.
Considerações Finais e Previsão das Chuvas para Fevereiro, Março e Abril de 2012
As análises das condições oceânicas e atmosféricas e os resultados dos modelos numéricose estatísticos de previsão climática indicaram maior probabilidade para as categorias em torno da média histórica de precipitação. Os índices de probabilidade atribuídos às categorias indicam os seguintes valores para os totais pluviométricos: acima da normal (25%), normal (40%) e de abaixo da normal (35%) para o trimestre fevereiro a abril, sobre praticamente todo o Nordeste semiárido.
NOTAS SOBRE ESTE PROGNÓSTICO
1. A variabilidade espacial e temporal é intrínseca à distribuição de chuvas no Nordeste brasileiro devido a fatores diversos como efeitos topográficos, proximidade em relação ao oceano,cobertura vegetal, etc.;
2. Especialmente em localidades com menores valores de precipitação climatológica, com a tendência de um total de chuvas nas categorias normal e abaixo da média histórica, a variabilidade temporal das chuvas deve provocar uma maior frequência de veranicos;
3. Principalmente em áreas com normais climatológicas mais altas, como regiões litorâneas ou serranas, existe a possibilidade de ocorrência de eventos extremos de chuva;
4. Em função da variabilidade espacial e temporal, característica intrínseca da chuva no norte do Nordeste, recomenda-se o acompanhamento das previsões diárias de tempo, análises e tendências climáticas semanais emitidas pelos centros de meteorologia;
5. A atualização deste prognóstico será feita no próximo fórum climático a ser promovido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN), nos dias 16 e 17 de fevereiro de 2012, na cidade de Natal-RN.
Climatologia da chuva para o Período de Fevereiro a Abril nas Microrregiões Geográficas do Rio Grande do Norte
Microrregião | Chuva Média No Período de Fevereiro a Abril (mm) |
Baixa Verde | 317,8 |
Agreste Potiguar | 331,9 |
Borborema Potiguar | 309,2 |
Mossoró | 479,6 |
Chapada do Apodi | 441,7 |
Vale do Açu | 419,6 |
Umarizal | 561,9 |
Litoral Nordeste | 552,8 |
Natal | 522,7 |
Macaíba | 569,6 |
Litoral Sul | 444,5 |
Serra de Santana | 415,3 |
Seridó Oriental | 396,3 |
Seridó Ocidental | 428,0 |
Angicos | 339,4 |
Macau | 373,4 |
Médio Oeste | 486,0 |
Pau dos Ferros | 550,7 |
Serra de São Miguel | 515,5 |
1-Mossoró | 6-Pau dos Ferros | 11- Seridó Ocidental | 16- Litoral Nordeste |
2-Chapada do Apodi | 7- Umarizal | 12-Seridó Oriental | 17- Macaíba |
3-Médio Oeste | 8-Macau | 13- Baixa Verde | 18-Natal |
4-Vale do Açu | 9-Angicos | 14- Borborema Potiguar | 19- Litoral Sul |
5- Serra de São Miguel | 10- Serra de Santana | 15- Agreste Potiguar | |
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