Lendo as edições de hoje dos três principais jornais do país - Folha de S.Paulo, O Globo e O Estado de S.Paulo -, a gente fica sabendo que a temperatura continua alta, quase fervendo, no Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) que tem como diretor-geral o potiguar Elias Fernandes Neto.
Vão se acumulando as denúncias, as suspeitas.
A Folha foi quem menos se atreveu no assunto, limitando-se apenas a contar que o comando do PMDB operou para evitar a demissão de Elias, indicado pelo líder do partido na Câmara, o também potiguar Henrique Eduardo Alves.
"Ao menos por enquanto", diz o jornal, o partido conseguiu reverter a decisão.
Já o Estadão vai mais longe e publica uma detalhada reportagem de Christiane Samarco informando que a presidente Dilma Rousseff manteve Elias no Dnocs, mas tirou o cofre dele e entregou o destino do norte-rio-grandense ao Tribunal de Contas da União (TCU).
"Caso o tribunal aponte irregularidades nas prestações de contas do diretor-geral, ficou acordado que ele mesmo deverá tomar a iniciativa de desocupar a cadeira e facilitar a vida do Palácio do Planalto, sem crises com o PMDB" - escreve a jornalista.
Mas coube ao O Globo a mais dura e incisiva matéria do dia, assinada por Roberto Maltchick, Gerson Camarotti e André de Souza. Eles tiveram acesso ao relatório de 252 páginas da Controladoria Geral da União (CGU) sobre o Dnocs e ficaram sabendo que os prejuízos "na gestão de pessoal e em contratações irregulares" chegam a R$ 312 milhões. E descobriram uma "concentração significativa" de convênios para ações preventivas de Defesa Civil no Rio Grande do Norte, estado de Elias e de seu protetor, o deputado Henrique Eduardo Alves. Segundo o jornal, "os auditores se surpreenderam com o rateio de R$ 34,2 milhões para a execução de convênios entre prefeituras e o Dnocs voltados a ações de Defesa Civil." Está escrito na reportagem que de 47 convênios, "37 contemplaram municípios do Rio Grande do Norte, que contrataram R$ 14,7 milhões." E muitos desses convênios, de acordo com a CGU, estão recheados de irregularidades, como pagamento a empresas com "ligações políticas, com sócios de baixa escolaridade e, inclusive, empresas não encontradas, indicando serem de fachada".
Elias e Henrique foram ouvidos pelo jornal e é claro que negaram qualquer irregularidade. O deputado e líder do PMDB reagiu assim: "Como que esse dinheiro (14,7 milhões), para atender a dezenas de municípios prejudicados por calamidades, pode ser favorecimento? Consegui esse dinheiro para o meu estado com muito sacrifício, com muita luta. É uma coisa simplória".
Simplória?
Henrique é um gozador...
Por Nominuto
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