O mês de junho tradicionalmente é marcado pelo início do período seco na região semiárida do Nordeste e, por outro lado, é um dos meses mais chuvosos no setor leste. O deslocamento para o norte da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), influenciada pela chegada do período frio no hemisfério sul, com consequente aumento dos ventos alísios de Sudeste, traz o fim da estação chuvosa na região norte do Nordeste e aumento das chuvas no setor leste, segundo análise das imagens do satélite pela gerência de Meteorologia da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN).
A análise da chuva acumulada na primeira semana de junho de 2015 no Rio Grande do Norte mostra que predominam índices pluviométricos abaixo de 20 milímetros e, em algumas áreas como o litoral Sul e a região do Alto Oeste, os índices superam os 30 milímetros. Na análise dos desvios percentuais entre a chuva ocorrida e a climatologia para os primeiros cinco dias de junho/15, é observada uma predominância de desvios percentuais negativos abrangendo praticamente todo o Estado, com exceção do Litoral Sul e Alto Oeste, que apresentaram desvios positivos.
Os altos desvios percentuais apresentados na região do Alto Oeste se devem ao fato de que em junho nesta região chove pouco, e nesse período tem chovido regularmente. Para o período até 13 de junho de 2015, próximo sábado, mesmo tendo acabado o período chuvoso no interior do Estado, são esperadas chuvas nas regiões Oeste e Central que poderão variar entre 10 e 40 mm. Para a faixa litorânea Leste, as chuvas esperadas deverão ficar entre 10 e 100 mm.
Com relação à análise referente as condições termodinâmicas dos oceanos na primeira semana de junho/15, continua evidenciando-se de forma bastante clara a presença do fenômeno El Niño em toda a extensão do Oceano Pacífico, com anomalias de até +4°C próximas à costa da América do Sul. Essas águas mais aquecidas influenciaram de forma direta na diminuição das chuvas sobre o Estado do Rio Grande do Norte durante os meses de abril e maio de 2015, resultando em chuvas abaixo do normal nos dois meses.
No oceano Atlântico, enquanto que no setor Sul houve predominância de águas mais aquecidas, no setor norte as águas continuaram mais frias do que o normal. Essa condição de águas mais quentes no setor sul tem mantido o Centro de Alta Pressão do Atlântico Sul mais deslocado para próximo do continente e mais fraco do que o normal, influenciando a predominância de vento sul/sudeste, que atinge a costa do Estado. Essa configuração do vento favorece uma maior concentração de chuvas sobre os Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, o que tem sido observado nessa última semana. Aqui para o RN, é esperado que para o setor leste e agreste as chuvas durante os próximos meses se concentrem mais sobre as regiões Metropolitana de Natal, Litoral Sul, Microrregiões do Agreste e na Borborema, enquanto que para o Litoral Nordeste (região de Touros), e Baixa Verde (Região de João Câmara) as chuvas devem ter um comportamento mais irregular.
No monitoramento das chuvas ocorridas em maio e na primeira semana de junho de 2015 no Rio Grande do Norte, a gerência de meteorologia da EMPARN lembra que maio é climatologicamente o último mês do período chuvoso para a região semiárida do Estado. Normalmente, dependendo das condições oceânicas/atmosféricas, a Zona de Convergência Intertropical começa a se deslocar para o Hemisfério Norte, diminuindo assim as instabilidades atmosféricas sobre a região. Nesse mês também observa-se ocorrência de chuvas no setor Leste do Nordeste, devido as instabilidades de origem oceânica e que, dependendo das condições oceânicas/atmosféricas, podem atingir a costa leste do Nordeste com maior ou menor intensidade.
As análises atmosféricas, juntamente com o monitoramento pluviométrico, mostram que a presença do Fenômeno El Niño tem atrapalhado na ocorrência de chuvas em praticamente todo o Estado durante o mês. Predominaram valores acumulados de chuva abaixo de 30mm. Na análise das imagens do satélite - dos desvios percentuais - é observada a predominância de desvios negativos superiores a -50%, significando que em grande parte do Estado choveu menos do que a metade da climatologia. Somente em algumas áreas isoladas é que os desvios percentuais ficaram próximos de zero.
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