As organizações produtoras de leite e queijo selecionadas para o projeto de apoio a esta cadeia produtiva já começaram a receber capacitação em gestão de negócios. Esta semana foi a vez de um grupo de sete organizações, entre cooperativas e associações, serem capacitadas em Caicó. Dentro do projeto de desenvolvimento integrado do Estado, que conta com recursos do acordo de empréstimo com o Banco Mundial, as queijeiras serão adequadas e regularizadas para expandir seus mercados e receberão investimentos do Estado que somam R$ 23 milhões.
A produtora Lídia Medeiros, 79, membro ativa da Cooperativa Agropecuária do Seridó (Capesa) há 35 anos, comemorou o aprendizado alcançado ao longo do curso que durou três dias no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caicó. “Foi muito bom para abrir a mentalidade e descobrir como dar passos daqui pra frente. Temos uma história de muito tempo de luta e a questão da comercialização sempre foi uma dificuldade. Aqui estamos aprendendo como superar essa e outras barreiras”, disse.
Para Carlos da Silva, da Associação dos Agricultores Familiares da Fazenda Nova Vida, em Campo Grande, um dos maiores aprendizados da capacitação foi como calcular os custos e chegar ao preço final do produto. “Conheço muito da parte prática de administração, mas a contabilidade sempre foi difícil. Aqui eu aprendi que se a gente não calcular tudo direitinho, a gente perde dinheiro”, destaca o agricultor. A queijeira da Associação receberá investimentos de R$ 492 mil e será construída do zero, com capacidade para processar 500 litros de leite por dia.
O consultor especialista em cooperativas contratado pelo Estado em parceria com o Banco Mundial, Gabriel Zimath, ministrou a capacitação com o objetivo de criar uma relação de intercooperação entre as associações e instruir os participantes sobre as práticas de gestão. “O volume de produção que eles vão ter é muito grande e é importante essa intercooperação entre eles, porque não queremos que se instale uma competição. Eles precisam trabalhar juntos. A gestão da organização, entender como calcular todos os custos, como se forma o preço, técnicas de ampliação de mercados também foram focados nessa capacitação”, detalha.
A capacitação teve como tema principal “Desenvolvimento cooperativo”, mas abordou todas as nuances inerentes a um negócio da agricultura familiar. Para o secretário da Sethas e coordenador do projeto junto ao Banco Mundial, Vagner Araújo, qualificar os agricultores familiares é parte importante do processo de adequação das queijeiras.
“Os investimentos vão trazer um salto econômico e social muito grande, vão mudar a realidade de cidades e regiões inteiras. É fundamental que os membros das associações sejam capacitados para lidar com as dificuldades de enfrentar um mercado maior e expansão das atividades. A regularização das queijeiras potiguares vai fazer com que nosso queijo ultrapasse as fronteiras do Rio Grande do Norte”, emendou.
O presidente da Associação dos Criadores de Cabras Leiteiras do Litoral e Agreste Potiguar (Aclap), Jeferson Marinho, diz que a meta da associação, depois de readequada, é tentar inserir na cultura potiguar o iogurte e o queijo feitos de leite de cabra. Quando estiver pronta, a unidade de laticínios deverá produzir 500 litros de leite diários, dos quais 15% serão transformados em queijo de cabra. “Temos que conquistar esse mercado, mas já sabemos o caminho a seguir”, diz.
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