Depois de dois anos sofrendo com inundações, a seca voltou a dar as cartas na região Central e no Alto Oeste do RN. Enquanto no Agreste e Litoral as chuvas estão apenas começando, nos 36 municípios do Oeste potiguar a expectativa dos prefeitos é de uma quebra de 90% na safra de grãos (arroz, feijão, milho), provocada pela falta de chuvas.
Muitos agricultores já falam em seca verde e contabilizam os prejuízos diante da falta de chuvas no interior do Rio Grande do Norte
Em Afonso Bezerra, município de 11 mil habitantes encravado entre a região Central e o Vale do Açu, a situação não é melhor. Segundo o prefeito Jackson Bezerra, a chuva não atingiu nem os 200 milímetros – bem diferente dos 1.400 milímetros registrados no ano passado. O resultado já está sendo sentido: escassez d’água para consumo humano e retorno dos carros pipa do Exército.
Outro problema enfrentado pelos agricultores familiares é a falta de cobertura verde para os animais e o aumento no preço da ração, que já dobrou de preço para os produtores.
Explica o prefeito Jackson Bezerra, que metade do município de Afonso Bezerra reside em assentamentos rurais onde o forte é a produção de arroz, feijão e milho para subsistência e alguma criação de caprinos. “Com a falta de chuva devemos ter uma quebra na produção só aqui superior a 70%”, acrescenta.
Em Riacho da Cruz, município de pouco mais de 3 mil habitantes, no Alto Oeste, a falta d’água deve produzir uma quebra na produção de grãos superior a 90%, segundo o prefeito Marcos Aurélio de Paiva Rego.
Presidente da Associação dos Municípios do Oeste (Amorn), com 17 associados efetivos, Paiva Rego lembra que, no ano passado, Riacho da Cruz foi varrido por 1.600 milímetros de chuvas. “Este ano, se caíram 200 milímetros, foi muito!”, acrescenta.
Em Riacho da Cruz, município de pouco mais de 3 mil habitantes, no Alto Oeste, a falta d’água deve produzir uma quebra na produção de grãos superior a 90%, segundo o prefeito Marcos Aurélio de Paiva Rego.
Presidente da Associação dos Municípios do Oeste (Amorn), com 17 associados efetivos, Paiva Rego lembra que, no ano passado, Riacho da Cruz foi varrido por 1.600 milímetros de chuvas. “Este ano, se caíram 200 milímetros, foi muito!”, acrescenta.
Segundo ele, já há localidades do município usando regularmente carros pipa. O prefeito é cético em relação à ajuda oficial. “Nas enchentes de 2008, quando as águas arrebentaram 16 açudes, nosso pedido de colchões - feito em março, só foi atendido em setembro”, lembra.
Em São Miguel do Gostoso em Touros, embora sendo litoral, os agricultores familiares nem começaram a plantar. Segundo o prefeito Miguel Teixeira, de São Miguel, no ano passado os agricultores começaram a plantar em janeiro, mas este ano só os assentados de uma região arriscaram trabalhar com as chuvas que caíram no último fim de semana.
Ali, o prefeito diz que os 12 poços artesianos existentes para abastecer as comunidades rurais estão praticamente secos. “Só é bomba queimando toda semana e a conta chegando na prefeitura”, diz.
Na vizinha Touros, segundo o chefe da Casa Civil da Prefeitura, Marcos Farias, a situação é exatamente a mesma. “A água tem sido muito pouca e esperamos um agravamento da situação”.
Em São Miguel do Gostoso em Touros, embora sendo litoral, os agricultores familiares nem começaram a plantar. Segundo o prefeito Miguel Teixeira, de São Miguel, no ano passado os agricultores começaram a plantar em janeiro, mas este ano só os assentados de uma região arriscaram trabalhar com as chuvas que caíram no último fim de semana.
Ali, o prefeito diz que os 12 poços artesianos existentes para abastecer as comunidades rurais estão praticamente secos. “Só é bomba queimando toda semana e a conta chegando na prefeitura”, diz.
Na vizinha Touros, segundo o chefe da Casa Civil da Prefeitura, Marcos Farias, a situação é exatamente a mesma. “A água tem sido muito pouca e esperamos um agravamento da situação”.
Região Central e Alto Oeste não terão mais chuvas
Na última quarta-feira, durante a reunião mensal do Grupo de Coordenação de Estatística Agropecuária do IBGE, com a participação de técnicos de vários organismos oficiais de pesquisa, o meteorologista Gilmar Bristot, da Emparn, foi taxativo: não contem mais com chuvas na região Central e no Alto Oeste.
Dados preliminares coletados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por exemplo, indicam que em abril o regime irregular de chuvas já provocou uma redução total da área plantada no Rio Grande do Norte de 20,7% e uma consequente queda na expectativa de produção de 17,3%.
Dados preliminares coletados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), por exemplo, indicam que em abril o regime irregular de chuvas já provocou uma redução total da área plantada no Rio Grande do Norte de 20,7% e uma consequente queda na expectativa de produção de 17,3%.
Pesquisa
Essas informações, no entanto, deverão evoluir negativamente em maio, quando as equipes retornarem à base trazendo números mais atualizados. “De agora em diante os números devem ser piores”, antecipa o agrônomo responsável pela pesquisa agropecuária do IBGE, Elder de Oliveira Costa.
Mas ele não arrisca prognósticos. “Em termos gerais, será preciso colocar na balança os dados computados nas regiões Agreste e Litoral, onde as chuvas estão começando agora”, adverte Elder de Oliveira Costa.
O que se sabe até agora é que feijão e milho foram culturas altamente afetadas com o regime irregular de chuvas que se desenvolveu no Rio Grande do Norte esse ano. Só o feijão já registrou uma perda de 26,4% no mês de abril em relação ao mesmo período do ano passado. Com o milho, a quebra já alcança os 30,2%, segundo dados coletados em abril pela Conab. Os agricultores estão apreensivos e conscientes da quebra de safra, que certamente, trará muitos prejuízos para a população norte-riograndense.
Conselhos de defesa civil têm papel fundamental
Durante as enchentes de 2009, o atual governador Iberê Ferreira de Sousa, então secretário de Recursos Hídricos e vice-governador, andou de bote para percorrer uma comunidade ilhada pelas águas no Vale do Açu. Até o Ministro Gedel Vieira Lima, da Integração Nacional, visitou o Estado do Rio Grande do Norte. Desde então, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) não cuida mais do reconhecimento de estado de calamidade.
Hoje, seja nos casos de seca ou enchente, o papel decisivo no novo código da emergência cabe a conselhos de defesa civil criados nos municípios e encarregados de contatar diretamente o Ministério da Integração Regional, em Brasília, nos casos de situação de emergência.
Hoje, seja nos casos de seca ou enchente, o papel decisivo no novo código da emergência cabe a conselhos de defesa civil criados nos municípios e encarregados de contatar diretamente o Ministério da Integração Regional, em Brasília, nos casos de situação de emergência.
“Essa burocracia do prefeito fazer um relatório com fotos e mandar para a Sejuc, que o encaminhava para o Ministério da Integração, acabou, justamente para agilizar todo o processo”, sentencia o secretário Leonardo Arruda. “Agora, basta um contato direto entre o conselho do município e o Ministério da Integração Social para que a ajuda venha diretamente, sem intermediação do estado”, acrescenta o secretário Leonardo Arruda.
Comitês
Há aproximadamente 20 dias, em Natal, houve um treinamento para pessoas que participarão de alguns desses comitês. Mas muitos prefeitos ouvidos ontem, pela TRIBUNA DO NORTE estão céticos em relação aos resultados. Ainda não saiu da memória deles o atraso de meses na ajuda oficial às enchentes da época.
“Esse negócio está ainda muito no começo. Precisamos aguardar para ver como tudo se encaminhará”, diz o prefeito de São Miguel do Gostoso, Miguel Teixeira, que também é presidente da Associação dos Municípios do Mato Grande.
“Esse negócio está ainda muito no começo. Precisamos aguardar para ver como tudo se encaminhará”, diz o prefeito de São Miguel do Gostoso, Miguel Teixeira, que também é presidente da Associação dos Municípios do Mato Grande.
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