O senador Paulo Davim (PV-RN) ocupou a tribuna do Senado Federal esta tarde para falar sobre o tema mais abordado nos últimos dias: as manifestações que estão levando milhares de jovens às ruas, iniciado pelo aumento do preço das passagens de ônibus e agora insufla outras temáticas sociais e políticas. “Vejo que nós lutamos 21 anos para gozarmos o direito de vivenciá-la [a democracia]. Na época, também fomos às ruas pedir essa liberdade de expressão, vivenciar a democracia na sua plenitude. Na época, nós desejávamos que os ouvidos que teimavam em não querer ouvir o clamor popular nos ouvissem. Naquela época nós desejávamos muito que os governos interpretassem o significado dos movimentos populares”, disse.
Para Davim as manifestações populares, encabeçadas principalmente por jovens, fazem parte de um “direito legítimo”. Embora admita que ocorram excessos, ele alerta para a importância de separar “joio do trigo” e insiste que essas mobilizações estão deixando a sociedade atordoada, os analistas políticos perplexos e os políticos amedrontados, pela sua grandiosidade. “Eu tenho absoluta certeza de que não foram só os R$, 0,20 centavos de reajuste de passagem que levaram tantos jovens, tantos estudantes, trabalhadores e trabalhadoras a ocuparem as ruas das grandes cidades do Brasil. Existe uma insatisfação latente nesses jovens, nesses estudantes. E é aí que eu chamo a atenção de todos nós: os políticos, os governantes, precisamos, agora, ter a sensibilidade de médicos, para saber interpretar os sinais e sintomas dessas manifestações, para saber fazer uma boa anamnese do contexto que aí se nos antepõe. Precisamos ouvir, e não reprimir”. Na opinião de Davim, não é simplesmente o valor das passagens que motivou a ida às ruas. Esses jovens querem muito mais. Querem ampliar seus direitos como cidadãos, querem uma política de mobilidade urbana, querem perspectivas diferentes para suas vidas, querem mais recursos para a educação, mais segurança e saúde mais digna.
Davim acredita que é um contrassenso mandar a polícia reprimir os manifestantes, admitindo que as autoridades policiais devem, em última instância, proteger o bem público. Agora, sem excessos e em ações pontuais. “Uma ação em cima daqueles que tentam usurpar o direito legítimo da juventude brasileira, aqueles que, travestidos de militantes, nada mais fazem do que vandalismo e depredam propriedades públicas e privadas, tentando tirar a legitimidade de um movimento que pinta com cores vivas a democracia no Brasil”. Em seu pronunciamento, Davim também acrescentou que deveriam existir mais mobilizações desse tipo, principalmente em prol de causas nobres, como a saúde. “Eu já vi tantas mobilizações. Manifestação pelo casamento de pessoas do mesmo sexo, milhares de pessoas; eu vi a manifestação pela liberação da maconha, milhares de pessoas; eu vi, como vi ontem, a manifestação contra o reajuste dos ônibus, milhares e milhares de pessoas pelo Brasil inteiro. Mas eu não vi ainda uma manifestação em defesa de mais verba para a saúde, porque a saúde precisa do apoio popular, do apoio da sociedade, e não só da mobilização dos servidores da saúde”, sugeriu.
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