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terça-feira, 18 de maio de 2010

ENTREVISTA COM HUGO MANSO, PRÉ-CANDIDATO DO PT AO SENADO‏

Pré-candidato ao Senado Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT) aqui no estado, Hugo Manso concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Romeu Dantas nesta segunda-feira (17), onde falou um pouco de sua trajetória política e de suas idéias e propostas para a eleição desse ano.

Questionado sobre o que ele achava da atuação dos atuais senadores do RN, Hugo não poupou críticas ao que ele mesmo classifica como “mandatos tradicionais e conservadores”. Segundo ele, os atuais mandatos “estabelecem uma relação com a população de ‘visita aos municípios em dias de festa’” e não possuem “nenhuma construção coletiva”.

Sobre a campanha, o pré-candidato petista afirmou que será “claro, didático e objetivo” com a população. “Pretendo levar para o debate nosso projeto de sociedade, que através do governo ‘democrático e popular’ do presidente Lula estamos construindo”, disse.

Hugo Manso falou ainda sobre suas propostas para a região do Seridó, caso venha a ser eleito Senador da República pelo RN.

Confira abaixo a entrevista completa:

Romeu Dantas - Sua pré-candidatura ao Senado foi oficializada pelo PT no dia 10 deste mês. De lá para cá, qual tem sido a repercussão no estado? Qual a sua avaliação?

Hugo Manso - Logo após o anuncio da decisão partidária, a noticia correu rapidamente. Boa cobertura de imprensa e aceitação. Avalio como positiva a repercussão.
Há um sentimento bastante forte pela renovação de métodos e projetos. As pesquisas apontam que muitas são as pessoas que não se posicionam para o senado, apesar da imensa exposição na mídia dos demais candidatos.
Vamos demonstrar que a definição do PT trouxe novidades, abre um outro olhar na complexa disputa pelas duas vagas do Senado.

RD - Qual avaliação o senhor faz do desempenho dos atuais senadores Garibaldi Alves Filho (PMDB), José Agripino Maia (DEM) e Rosalba Ciarlini (DEM)?

HM - São três representantes de grupos familiares e econômicos do RN, Alves, Maia e Rosado.
Seus mandatos são tradicionais, conservadores e estabelecem uma relação com a população de “visita aos municípios em dias de festa”, controle político de lideranças locais e nenhuma construção coletiva (seja com a juventude ou com as mulheres, sindicalistas, trabalhadores ou produtores). Não vemos nestes mandatos uma identidade com lutas do RN ou com temas contemporâneos em debate no cenário nacional.
Agripino e Rosalba foram e são oposição ao governo Lula, aos nossos projetos sociais e de desenvolvimento.
Agripino como líder nacional do DEM reproduz na TV de sua propriedade cada gesto, cada palavra sua em Brasília. Liderou a critica ao que o país aprovou. Foi o articulador da derrubada da CPMF, seu discurso afirmava que se a CPMF fosse aprovada, haveria aumento geral de preços... Ora o que houve foi atraso no PAC da saúde, na construção das UPAS - unidades de pronto atendimento 24h. A lógica do DEM é falar que os investimentos nas políticas sociais são gastos com a maquina pública. Agripino é o porta voz do “quanto pior, melhor...”
Garibaldi mesmo ocupando a presidência da casa tem um desempenho tímido, vacilante. Nem é carne, nem peixe.

RD - O senhor observa sua candidatura como sendo "alternativa", tendo em vista o conservadorismo político presente nos nomes dos demais candidatos?

HM - Minha candidatura é “alternativa” sob o ponto de vista programático e ideológico.
Sou filiado ao PT desde 1980, militei na UFRN, nos bairros de Natal, sou dirigente partidário, professor do Instituto Federal (ex Cefet), fui vereador em Natal e integrei o governo do Presidente Lula nos últimos 5 anos.
A experiência que adquiri no Ministério do Desenvolvimento Agrário, articulando o Programa Territórios da Cidadania levando o tema da agricultura familiar para as universidades e Cefets, interagindo com Prefeituras, Governo do Estado e Movimentos Sociais irá contribuir neste processo.
Minha candidatura terá identidade de propósitos com a da ex Governadora Wilma de Faria (PSB), porém tenho um perfil político próprio. Represento nesta disputa os interesses dos movimentos sociais, a continuidade das mudanças que estão em curso no país através do fortalecimento da agricultura familiar, da expansão da rede federal de educação profissional e das universidades e a ampliação de diversos programas sociais. Farei a defesa da inserção autônoma e soberana do país no cenário internacional, da retomada do crescimento com distribuição de renda e de oportunidades.

RD - Aproveitando a “deixa” da última pergunta, a sua candidatura representa a esquerda do Rio Grande do Norte?

HM - Sim. Tenho 30 anos de militância de esquerda no RN.
Desde o movimento estudantil dos anos 80, da campanha das Diretas Já, da fundação da CUT, do Fora Collor e das diversas candidaturas do Lula a presidência. Represento nesta candidatura a experiência dos diversos mandatos parlamentares do PT.
Hoje fomentamos o debate estratégico da economia solidária, do fortalecimento da agricultura familiar, da inclusão de jovens, mulheres e comunidades quilombolas e remanescentes indígenas nos ambientes educacionais, de trabalho e de lazer e cultura.
Ao longo de minha vida associei-me a temas contemporâneos. Não tenho duvidas quanto a ter uma postura de esquerda no Senado Federal, associando-me a Eduardo Suplicy, Aloizio Mercadante, Cristovam Buarque, Fátima Cleide, Inácio Arrruda, Paulo Paim, Marina Silva, Serys Shessarenko, Tião Viana. Vou procurar fazer parte deste grupo..
Quero distancia e enfrentarei de cabeça erguida o pensamento de Tasso Jereissati, Arthur Virgilio, Kátia Abreu, Marco Maciel e tantos outros conservadores.

RD - O senhor vê o “casamento” da sua candidatura com a de Wilma de Faria (PSB) como uma ameaça aos atuais senadores Garibaldi e José Agripino, que tentam a reeleição?

HM - Ao fazer a vinculação das ações positivas que estão em curso no país com minha trajetória de fundador e dirigente do PT, mais que parceiro, co-elaborador destas políticas sociais em curso no governo federal e a postura da ex governadora Vilma, como aliada do presidente Lula e gestora de sucesso, sem duvidas vamos crescer muito.
A defesa que fazermos da candidatura de Dilma Rousseff a Presidência será qualificada, coerente e engajada.
Em 2002 fui candidato ao Senado. Obtive 218 mil votos. Naquela oportunidade não havia o governo Lula para ser avaliado. A população do RN não conhecia o desempenho nem os resultados de um mandato federal do partido.
Hoje, acredito que o RN possa fazer outra discussão. Particularmente a juventude, cada vez mais informada, independente de grupos políticos tradicionais e em busca de seu espaço próprio.
Vamos mobilizar diversos setores, envolve-los na campanha comparando os perfis, os projetos. O futuro governo Dilma poderá contar com dois senadores aliados no RN.

RD - Qual será sua estratégia de campanha e quais serão as principais questões que o senhor pretende levar para o debate eleitoral?

HM - A estratégia será falar claramente a população nosso pensamento, nossos propósitos. Ser claro, didático e objetivo.
Pretendo levar para o debate nosso projeto de sociedade, que através do governo “democrático e popular” do presidente Lula estamos construindo. As mudanças atuais abrem caminhos para as mudanças estruturais que a humanidade precisa. Defenderei a candidatura de Dilma Rousseff como um projeto estratégico para o país.
O papel do Senado no debate dos grandes temas nacionais, na construção de um outro modelo de desenvolvimento, sustentável e voltado a melhoria da qualidade de vida das pessoas.
Entro na disputa para fazer uma avaliação positiva das ações do Governo Lula no país e em particular no RN. Vou comparar estes 7 anos e meses com outros momentos históricos quando, inclusive o DEM e o PSDB estiveram no governo federal.

RD - O que o senhor pretende realizar caso seja eleito para o Senado?

HM - Representar a população do Rio Grande do Norte que é majoritariamente constituída de pequenos produtores rurais e urbanos, comerciantes e servidores públicos. Quero representar os jovens que buscam inserção no mundo do trabalho, as mulheres que ainda são excluídas e sofrem opressão especifica no dia a dia, os assalariados e os empreendedores que a cada momento reafirmam como corretas as políticas econômicas e sociais em curso no país.
Quero ser o Senador dos trabalhadores do RN, integrado nos debates nacionais que constroem o desenvolvimento sustentável do país.

RD - A região do Seridó, por suas especificidades, merece uma atenção especial. Quais suas propostas para a região?

HM - O Seridó, com seus 25 municipios, tem uma forte identidade cultural. Trata-se de região produtora de frutas, mandioca, pescado, artesanato, carne, leite e seus diversos derivados.
Possui forte potencial turístico, com cidades bastante limpas e organizadas, comercio diversificado e uma industria ainda pequena, mas que se firma.
Defendo o fortalecimento de uma política de convivência com o semi-árido, que enfrente técnica e ambientalmente a contradição desertificação x industria cerâmica.
Precisamos com rapidez instalar o distrito industrial de Caicó, organizando e potencializando nossa pequena e média indústria. Em torno deste olhar, o reforço a uma política educacional que vise otimizar nossos recursos naturais, profissionalizando a produção a partir da capacitação e geração de oportunidades à juventude, aos homens e as mulheres.

RD - Qual a mensagem que o senhor deixa para o povo norte-rio-grandense ao término dessa entrevista?

HM - Que é possível fazer política de forma independente, com cabeça erguida sem envolvimento com corrupção e sem ter que levar vantagens, pessoais ou para grupos.
Que a vida é bela e que para desfrutarmos dela completamente teremos que livrá-la de todo mal e de toda a opressão. E o ambiente político e as eleições são um caminho para estas transformações.
Muito obrigado pela atenção.
fonte: romeudantas.blogspot.com

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