Resíduos de tabaco com ação prolongada que grudam no estofamento, nas roupas e na pele afetam a saúde de terceiros e podem, inclusive, causar câncer. A descoberta é de cientistas americanos que encontraram "níveis substanciais" de toxinas cancerígenas em materiais expostos à fumaça do cigarro.
De acordo com um estudo realizado pelo Lawrence Berkeley National Laboratory, as substâncias tóxicas liberadas pelo tabaco podem aderir às diferentes superfícies mesmo muito tempo depois de o cigarro ter sido apagado. Elas permanecem na roupa, nos móveis e nas paredes, e reagem com a poluição ambiente, resultando num composto químico perigoso denominado nitrosamina específica do tabaco (TSNA, na sigla em inglês).
Segundo os cientistas, banir o cigarro em lugares fechados leva os fumantes para fora dos ambientes. O problema é que, quando eles voltam, trazem os resíduos para os ambientes fechados, criando uma espécie de "fumante de terceira mão", exposto a agentes cancerígenos. "Fumar em lugares abertos é melhor que fumar em lugares fechados, mas os resíduos da nicotina grudam na roupa e na pele do fumante e o seguem para dentro do local, se espalhando por todo lado", explicou Lara Gundel, envolvida na pesquisa.
Nessa categoria de "fumantes de terceira mão" as crianças são particularmente suscetíveis, por respirarem perto das superfícies e pelo hábito de levar a mão à boca depois de tocar os objetos. "A absorção da nicotina por meio da pele da criança tende a ocorrer quando o fumante volta e, se há nitritos no ar - quase sempre há -, então os TSNAs se formam", acrescentou Gundel. Agora que os cientistas já sabem que os TSNAs são cancerígenos, eles querem avaliar o tamanho dessa ameaça à saúde.
Simon Clark, diretor do grupo de lobby pelo tabaco Forest, recebeu o estudo com ceticismo. "É a dose que determina o veneno e não há evidências de que uma pequena exposição a essa substância pode ser maléfica. A pesquisa quer, a meu ver, provocar alarde na esperança de que as pessoas parem de fumar. O perigo real não são os 'fumantes de terceira mão', mas sim a propaganda vestida de ciência", afirmou Clark à rede BBC.
fonte:istoe
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